Preta em Traje Branco | Isolamento e Pandemia: Tempo de Repensar Por Lu Amor Spin
Isolamento e Pandemia: Tempo de
Repensar
Nunca passou pela minha cabeça
viver o que estamos vivendo, a pandemia nos colocou cara a cara com nós
mesmos. Nossos medos, incertezas, amores, dores, chacoalhou nossos pensamentos,
planos, projetos. Enfim, tivemos que nos reinventar e nos adaptar a inúmeras
situações. Como diz na letra dos Titãs “É preciso saber viver”.
O ano de 2020 para muitos foi de muita decepção, desemprego, perda de parentes, amigos, e no peito aquela amarga sensação. Conviver sem abraços, sem uma conversa com amigos no barzinho ou um almoço em casa, sem poder ir ao cinema, teatro, parques, enfim, daremos valor a todas essas coisas. E em meio a esse caos da pandemia, com medo do vírus, teve até quem partiu para a agressão.
Nas padarias, farmácias, mercados, ops... Tossiu, espirrou, te olham de cara feia, e teve até quem apanhou! Vários casos repercutiram em rede nacional, nervos a flor da pele, suicídio, estresse, depressão. É fácil dizer, “Fique em casa”, quando se é empresário, patrão. Quando não se preocupa com o dinheiro do pão, do aluguel, boletos, prestação. Com o alto custo do arroz, do feijão, gás, alimentação. É fácil levar na brincadeira, e pensar que é zueira. Enquanto não atinge você, enquanto não atinge à sua família, enquanto não sentir na pele a tristeza de enterrar um ente querido sem ao menos ter uma despedida, nessa hora mais dolorosa, que é a partida, talvez muitos continuarão sem entender.
Que esse vírus não é só uma gripezinha, ele mata, continua matando, muitos ainda poderão morrer, ninguém é imortal, de ferro, pode acontecer com você. Embora o vírus tenha chegado ao Brasil com a classe alta e média, devido a retorno de viagens internacionais, quem mais sentiu na pele e quem mais sofreu e sofre são os bairros mais pobres, são as periferias, somos nós pobres classe trabalhadora, que continua sofrendo, a letalidade é sem dúvida maior em nós. Tamanha é a desigualdade social, miséria, fome, desemprego, sempre existiram, a pandemia mostrou e reforçou ainda mais, o que nossos governantes, o que a elite finge não ver e finge não saber.
Tivemos que nos reinventar e nos adaptar no trabalho home office, cursos, lives, saraus, palestras, aulas e conseguimos. Mesmo nas mais diversas dificuldades, nos adaptamos a nossa nova realidade. Zoom, Teams, Meet, e fomos nos encontrando. Assim foi o ano de 2020. Esse ano ficará marcado. Contudo, o ano que passou nos deixa uma lição. Precisamos de mais amor no coração, precisamos viver mais intensamente, a humanidade precisa de cura, esta doente. Temos acompanhado o quanto a pandemia escancarou ainda mais o racismo da sociedade Brasileira, ataques nas ruas, comércios, na internet, no futebol, pouco se importam com a Lei que diz que racismo é crime inafiançável e imprescritível no código penal.
O crime de racismo vira injúria racial, e ainda
vemos desculpinhas, alegam bipolaridade, uso de remédios contínuos, insanidade
mental, ou qualquer outra falácia em rede nacional. Pena! Uma Lástima! Enquanto
esses ataques racistas continuarem sendo minimizados por pedidos de desculpas,
e não ser tratado com dureza e punição, os racistas permanecerão impunes,
debochados, e o país de verde amarelo ainda acreditando na inexistência do
racismo e no tão falado mito da democracia racial.
Que 2021 seja diferente!! Que
façamos que seja diferente! Que aprendamos as melhores lições!
A vida é um sopro, estamos
aqui apenas de passagem, ninguém sabe de fato o momento em que iremos partir,
não há tempo para se despedir. Sabe aquela saudade doída de quem o Covid tirou
a vida? Aquela saudade doída de perder alguém que nunca mais irá voltar pra nos
abraçar, conversar, rir, chorar... Nossos corações doem de tanta saudade, como
diz Chico Buarque na letra Pedaço de mim “a saudade é o revés de um parto”. A
saudade dói. Começar, recomeçar, todo ano é um novo começo, um recomeço. Entre
erros, acertos, tropeços, prosseguimos... Resistimos.
Que carreguemos a esperança de um mundo melhor. Que carreguemos os nossos sonhos. Sonhos são difíceis de alcançar, e não podemos permitir que ninguém os destrua. É preciso acreditar que novos tempos irão chegar, é preciso acreditar no amor, na solidariedade, na empatia, que em meio há tanto ódio, tantas mazelas mundanas, que possamos valorizar as coisas simples da vida, pois só com o amor é possível enfrentar a dor. Não tem vírus que possa separar o amor. A vida se reinventará, e que todos nós possamos recomeçar, que aprendamos a dar valor às pequenas coisas simples da vida, que aprendamos a viver.
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