De Prosa e Arte | Conto Crônica de Intenção - Final
"Marina sentiu que seu corpo era carregado às pressas. Sentia um chacoalhar incômodo. A cabeça pendia e ouvia ruídos de vozes ininteligíveis.
De repente sentiu seu corpo repousar num leito firme e o estado de torpor se acentuou. Os seus sentidos apagaram-se.
Caminhando sob a neblina "manhecedora", sentindo o orvalho molhar os pés descalços Maria semi cerrava os olhos aos primeiros raios solares.
Ali logo adiante o viu sentado em uma esteira colorida dedilhando a harpa. Sorriu. Apressou o passo para encontrá-lo.
Diante dela, a imagem dele reluzia como aquele sol do início da manhã. Percebeu-se nua. A brisa brincava em sua pele eriçando os pêlos do seu corpo.
Ele aproximou-se e tocou-lhe a face. Juntou seus lábios aos dela. Suas mãos passearam pelo corpo bronze de Marina, e suavemente deslizaram para seu sexo úmido e orvalhado como as pétalas que besuntavam seus pés.
Ela a olhava fixamente enquanto lhe oferecia aquele carinho ousado por entre suas coxas.
Marina sentia seu corpo queimar.
Sem defesas, repousou nos braços dele e entregue, despiu-se de pudor… apenas o apertou com força, ele beijou-lhe o colo, os seios, mordiscou a barriga, a virilha, o sexo.
Sua língua áspera passeava entre suas folhagens, causando tremores e arrepios…
Sob o Sol que se descortinava naquela manhã se deram o prazer de descoberta e completude. Marina o sentia dentro de si. E queria mais. Num movimento quase que atlético, assumiu o controle. E suas investidas fortes e profundas, o surpreendia e deliciava.
Marina agarrada à pele e aos pêlos do corpo dele sentia que aquela onda de prazer e luxúria lhe tomava por completo. Ele segurando-a pelos quadris se movia desesperado. Sentiam os corpos vibrar, pulsar e desdobrar. Saliva, suor e o gozo caudaloso que se misturava.
Com o peito arfando, Marina abriu os olhos.
As imagens começaram a desembaciar diante de si.
Deitada na maca do hospital do PS, se deu conta que um de seus olhos estava fechado por um enorme curativo, viu sua vizinha Zuleide caminhar até sua cama.
Marina perguntou confusa:
- Porque estamos aqui?
Ao que Zuleide respondeu:
- Mais um dos ataques do demônio. E o último. Saiu algemado quando a ambulância chegou. Eu mesma liguei. Chega!
Marina ainda atordoada pelos medicamentos, segurou a mão da amiga e agradeceu, deixou rolar uma lágrima grossa. E pensou:
- Acabou, agora nunca mais serei interrompida durante meu descanso ou durante os meus banhos. Terei a liberdade de descobrir em mim o prazer que sempre mereci... o de ser comigo mesma."
As histórias de tantas Marinas, Marias, Joanas, Paulas, que se enlaçam pelo juízo que lhes dão a sociedade, a hipersexualização de seus corpos, as violações diárias, o silenciamento. Todas as marcas forjadas pra eliminar seus corpos e mentes, lhe impor culpas, e lhe fazer degradações de moral. Que sejamos capazes de nunca permitir que nos interrompam!
Uauuuu. Que em breve todas sejamos livres
ResponderExcluir