Seis poemas de Nirlei Maria Oliveira | "Palavrear"

 

Imagem de congerdesign por Pixabay. 

Seis poemas de Nirlei Maria Oliveira


palavrear

 

não reduza o falante das palavrinhas dos palavrões das cultas palavras incultas palavras mal(ditas) benditas palavras

palavras que ressuscitam sentimentos engasgados e mortos buscar palavras nas tripas buscar palavras dentro de si palavras vivas dentro de um corpo vivo palavra que sai sacode a inércia palavra que esqueceu o grito pacto das palavras juntar palavra e corpo territórios dos sentidos linguagem dos sentidos corpos atravessados por signos e significados nem tudo pode ser traduzido palavras não podem ser presas em uma única interpretação palavras para dizer o peso das palavras palavras moles palavras duras voz do acaso palavras vãs palavras ao vento  vozes intrusivas palavras soltas palavras vivas na voz das mulheres


*

 

desatei nós

 

matutei

dia e noite

ruminei

pensamentos toscos

embolei as ideias

fiz um nó

depois 

desatei

 

mastiguei

devagar

e cuspi

palavra por palavra

sangrei o verbo

risquei o chão

marquei a linha

do impossível

 

exauri minhas forças

levantei devagar

caminhei até a porta

e saí pra sempre


*

 

Poder

 

empodera

você

para

poder

ser

mais

você


Imagem de congerdesign por Pixabay. 


embalagem fina

 

I

embrulha

sua

solidão

em

pacotes

descartáveis

 

II

desembrulha

afetos

recíprocos

em

grandes

partições


*


Plantei rosas para você

 

engarrafei as lembranças dos momentos felizes

adornei com pequenos enfeites coloridos e perfumados

guardei em lugar de destaque na estante dos afetos

 

troféu dos felizes dias

das memórias de instantes

da felicidade fugaz

dos ínfimos segundos de alegrias

 

neste cotidiano selvagem e urbano

de concreto e pressa

confesso que bebi

uma a uma, gota a gota

os perfumados detalhes

daquelas memórias de afetos

e dos momentos eternos

 

no fim

plantei rosas para você


*

  

Pois é

quantos abraços você perdeu

não deu

ficou só

de braços fechados

para a vida e amores

pois é

passou

a

vontade

seu tempo

acabou

e

fim


Imagem de congerdesign por Pixabay. 




Nirlei Maria Oliveira - Poeta e Bibliotecária com mestrado em Ciência da Informação, nasceu em  Formiga MG, reside em Campinas, SP. Trabalha no IFSP, Campus de Hortolândia. Atua com ações e  projetos de estímulo à leitura. Organizadora da coletânea Quarentena Poética, publicada em 2020. Tem poemas publicados nas revistas: Travessias Literárias, Cult - Lugar de Fala, Literatura e Fechadura, A Palavra No Agora - Museu da Língua Portuguesa, Revista Literatura Brasileira no XXI, Partilhas Poéticas do Museu Ema Klabin, Revista AcrobataRevista Tamarina Literária e Revista Aboio.

Tem poemas publicados nas coletâneas Enluaradas (2021) e Mulheres Maravilhosas (2021).

Participa dos coletivos: Mulherio das Letras e Nua Palavra.

Link para o e-book e podcast

e-book Quarentena Poética - https://tinyurl.com/y2wp9kdb 

Podcast Quarentena Poética https://anchor.fm/quarentenapoetica.

Facebook: https://www.facebook.com/nirlei.oliveira.10

Instagram:@oliveiranirlei

 

 

 


Comentários

Postar um comentário

PUBLICAÇÕES MAIS VISITADAS DA SEMANA

De vez em quando um conto - Os Casais - por Lia Sena

Mulher Feminista - 16 Poemas Improvisados - Autoras Diversas

200 palavras/2 minicontos - por Lota Moncada

Nordeste Maravilhoso - Viva as Mulheres Rendeiras!

Cinco poemas de Catita | "Minha árvore é baobá rainha da savana"

A vendedora de balas - Conto

DUAS CRÔNICAS E CINCO POEMAS DE VIOLANTE SARAMAGO MATOS | dos livros "DE MEMÓRIAS NOS FAZEMOS " e "CONVERSAS DE FIM DE RUA"

A POESIA PULSANTE DE LIANA TIMM | PROJETO 8M

Preta em Traje Branco | Cordel reconta: Antonieta de Barros de Joyce Dias

UM TRECHO DO LIVRO "NEM TÃO SOZINHOS ASSIM...", DE ANGELA CARNEIRO | Projeto 8M