Dois poemas de Arundhathi Subramaniam | Traduzidos para o português por Shelly Bhoil
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Dois poemas de Arundhathi Subramaniam
Traduzidos para o português por Shelly Bhoil
Um lar
Dá-me um lar
que não é meu,
onde posso entrar e sair dos quartos sem deixar um rastro,
nunca me preocupando
sobre encanamento,
a cor das cortinas,
a cacofonia dos livros ao lado da cama.
Um lar que posso usar com leveza, onde os quartos não estão
entupidos com conversas de ontem, onde o eu não incha
para preencher as fendas.
Um lar, como este corpo,
tão estranho quando tento fingir, tão hospitaleiro
quando decido que estou apenas visitando.
Home
Give me a
home
that isn't
mine,
where I can
slip in and out of rooms without a trace,
never
worrying
about the
plumbing,
the colour
of the curtains,
the
cacophony of books by the bedside.
A home that
I can wear lightly, where the rooms aren't clogged with yesterday's
conversations, where the self doesn't bloat
to fill in
the crevices.
A home,
like this body,
so alien
when I try to belong, so hospitable
when I
decide I'm just visiting.
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Uma outra forma
Para se balançar
de momento a momento,
tecer uma cláusula
que deixa o quarto
para reminiscência e surpresa,
que respira,
acolher vírgulas,
mergulha e voa
através de bolsa de ar do vogal
permanece sobre a granularidade da consoante
nunca correndo para o ponto-final,
às vezes contente
com a ponto de interrogação,
mesmo que seja o mais velho no livro
Para ficar
na vasta barulhenta abertura
da página
rasgada pela chuva,
fazendo a pergunta
que foi perguntada antes,
sabendo que a tempestade das mil bibliotecas
vai levá-la à escuridão
Para não deixar pegadas
em aluvião quentinho
nenhuns ecos Dolby
para revibrar através das
salas de oração, nenhuns epitáfios
nenhumas bandeiras açafrão
Essa também foi uma forma
de manter a
fé.
Another Way
To swing
yourself
from moment
to moment,
to weave a
clause
that leaves
room
for
reminiscence and surprise,
that
breathes,
welcomes
commas,
dips and
soars
through
air-pockets of vowel,
lingers
over the granularity of consonant, never racing to the full-stop,
content
sometimes
with the
question mark,
even if
it’s the oldest one in the book.
To stand
in the vast
howling, rain-gouged openness of a page,
asking the
question
that has
been asked before,
knowing the
gale of a thousand libraries will whip it into the dark.
To leave no
footprints
in the warm
alluvium,
no Dolby
echoes
to
reverberate through prayer halls, no epitaphs,
no saffron
flags.
This was
also a way of keeping the faith.
Arundhathi Subramaniam é uma aclamada autora indiana de onze
livros de poesia e prosa. Ela recebeu o Prêmio Khushwant Singh, o Prêmio Raza
de Poesia, o Prêmio Zee Feminino de Literatura, o Prêmio Internacional Piero
Bigongiari na Itália, o prêmio Mystic Kalinga, o prêmio Sahitya Akademi entre
outros.
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