Seis poemas de Thaíse Santana | Mulher-Palavra

 

Imagem de StarzySpringer por Pixabay.

Seis poemas de Thaíse Santana

Mulher-Palavra



Buenos Aires


A cidade que dá as costas

ao seu rio

me sorriu

e abriu os braços.




De cortar o coração


O som do violino

corta meu ouvido

corta meu sentido

corta meu coração.



Imagem de Si vonSasson por Pixabay. 



Saudade grapiúna

Para Ton, meu irmão eterno



A felicidade corria pelas roças de cacau

como era doce o fruto verde

saboreado em boca preta

pequena

o tempo correu depressa e

levou tudo embora

sobrou o cacau maduro

a amargar minha saudade.




Preta Poeta


Passo horas

remendando palavras

costurando versos



imprimo meu corpo

na tessitura do verbo

que vai tingindo de preto

a poesia dos meus sonhos.



Imagem de Ganossi por Pixabay. 



Mulher-Palavra

Para minhas mais velhas



Te leio

me reconheço

entre um verso e outro

um silêncio profundo



a palavra pulsa

escrevo

e na contramão do mundo

me alimento de versos

e sonhos.




A cura


Quando me descobri água

lavei meu corpo

a minha casa

te arranquei de mim



eu que sempre fui rio

ao te ver virei represa

água contida

mas refiz o caminho



nas minhas águas de rio

lavei a ferida

me vi curada.



Imagem de Aline Oliveira por Pixabay. 





Thaíse Santana nasceu em 1989, em Itabuna-Bahia. Licenciou-se em Letras na Universidade Estadual de Santa Cruz. Atualmente, mora em Minas Gerais, na região metropolitana de Belo Horizonte. É autora de Mulher-Palavra, Patuá (2021). Participa de antologias literárias nacionais e internacionais. Destaca Cadernos Negros: poemas afro-brasileiros n. 43, Quilombhoje (2020). Tem contos publicados na Revista Acrobata (2021) e na Revista Gueto (2021).  É professora da rede estadual de Minas Gerais. É também Mestra em Letras (UFV) e Doutoranda em estudos literários (UFF). Semeia literatura no instagram: https://www.instagram.com/literaturademulhernegra/






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