UniVerso de Mulheres 15 - Três poemas de Else Lasker-Schüler traduzidos por Valeska Brinkmann


 
UniVerso de Mulheres 15

 

Fragmento de Die Inianerinnen @ Else-Lasker-Schueler

 Três poemas de Else-Lasker Schüler traduzidos por Valeska Brinkmann


De longe

 

Teu coração é como a noite tão claro

Posso ver

- Tu pensas em mim - cada estrela a se deter

 

E como a lua o teu corpo

Em ouro veloz

De longe reluz

 

Von Weit

 

Dein Herz ist wie die Nacht so hell,

Ich kann es sehn

-          Du denkst an mich – es bleiben alle Sterne stehn.

 

Und wie der Mond von Gold dein Leib

Dahin so schnell

Von weit er scheint.

 

§§§§§§§§

 

Mirtáceas murchas

 

És como o dia sem sol, cinzento

Que profano deita sobre rosas em botão.

Senti-me, como se estivesse ao teu flanco.  

Como se estancasse o meu coração

 

Teu rosto pálido ao meu beijo enrubeceu

Um sorriso escapou de teu olhar rígido.

  Minha jovem alma sob teus pés morreu

E retornaste a teu ser frígido.

 

Verwelkte Myrten

 

Bist wie der graue, sonnelose Tag,

Der sündig sich auf junge Rosen legt.

Mir war, wie ich an Deiner Seite lag.  

Als ob mein Herze sich nicht mehr bewegt.

 

Ich küsste Deine bleichen Wangen rot,

Entwand ein Lächeln Deinem starren Blick.

  Du tratest meine junge Seele tot

Und kehrtest in Deine kaltes Sein zurück.

 

§§§§

 

Ruth

 

E me procuras diante das sebes,

Ouço teus passos suspirar,

E meus olhos são pesadas gotas escuras.

 

Em minha alma florescem doces tuas miradas

E saturam,

Enquanto meus olhos passeiam sonâmbulos

 

No poço da minha casa

Vejo um anjo,

Que canta a canção do meu amor,

      Que canta a canção de Ruth

 

Ruth

 

Und Du suchst mich vor den Hecken,

Ich höre Deine Schritte seufzen,

Und meine Augen sind schwere dunkle Tropfen.

 

In meiner Seele blühen süß Deine Blicke

Und füllen sich,

Wenn meine Augen in den Schlaf wandeln.

 

Am Brunnen meiner Heimat

Steht ein Engel,

Der singt das Lied meiner Liebe,

      Der singt das Lied Ruths

 

 

Else Lasker-Schüler ( 1869 -1945) foi uma poeta e dramaturga alemã.

Com seus poemas, prosas, textos fantásticos, colagens, romances, peças, leituras e aparições performáticas, sempre esteve na vanguarda, numa época em que mulheres não eram levadas muito a sério. Sem pertencer a nenhum dos movimentos literários da primeira metade do século 20, causava alvoroço quando, por exemplo, aparecia em público como o príncipe Yussef de Tebas. Fingia ser mais jovem, brincando com o tempo, irrelevante para sua inspiração e sua arte.

Lasker-Schüler conquistou muitos amigos e admiradores. Tinha uma ótima percepção para o talento dos outros. Ela amava muitos, de acordo com Gottfried Benn, a quem chamava de Giselheer. “Eu trouxe o amor ao mundo ” dizia de si mesma e entendia o amor em geral como o mandamento do “judeu divino” (Jesus).

O amor mais profundo dela contudo, era à mãe, falecida em 1890, e sempre presente em sua obra: "Minha mãe tinha asas de ouro". Em um de seus últimos poemas é evocada como "mulher da lua".

Em 1934 fugiu da Alemanha nazista, primeiro para Suiça depois para Jerusalém, onde viveu o resto de sua vida.


 

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