Seis poemas de
Josuelene Souza
(imagem do Google)
MULHER
SUBLIME
Sou
o silêncio dos pássaros diante do entardecer
Sou
o silêncio raro do amanhecer
Sou
o sol da manhã escaldante
Sou
a manhã exuberante
Sou
a flor que brota no sertão
Sou
o sertão que corre nas minhas veias
Sou
a veia que liga o sertão ao mar
Sou
terra seca que corre para o mar
Sou
cobra coral que rasteja no chão
Sou
o carcará que observa o tempo
Sou
o tempo que passa lentamente
Sou
a terra à espera da chuva
Sou
a chuva à espera da terra
Sou
vento do sertão que abraça a noite
Sou
terra
Sou
água
Sou
fogo
Sou
ar
Sou
pássaro noturno
Sou
pássaro diurno
Sou
a flor do sertão
Sou açucena
Sou
amor
Sou
força
Sou
resistência
Sou
mulher sublime
Na
força
Na
vida
Sublime,
eu sou!
*
TERRA
MORENA
Saudade
da terra morena do sertão
Saudade
do luar do sertão
Saudade
dos rios e das águas do mar
Saudade
que grita no peito!
Sou
a terra morena que corre em busca das águas claras
Sou
a terra morena que arde ao sol quente
Sou
a terra morena que chora lágrimas sertanejas
Sou
as lágrimas que escorrem dos olhos da terra morena!
Sou
saudade entranhada na terra morena
À espera do pássaro ao por do sol
Sou
o pássaro do sertão à espera do luar
Sou
terra morena
Sou
morena terra!
Sou
Ana terra
Sou
sequidão da terra
Sou
terra morena
No
corpo e na alma!
Sou
terra seca
Sou
terra molhada
Sou
terra solta
Sou
terra morena
Forte
Intensa
Alegre
À procura das águas do mar
Para
matar a sede da terra morena!
*
PALAVRAS
NUAS
Sou
feita de palavras e de silêncios
Sou
feita de sílabas e de estrofes
Sou
feita de versos de poemas
Sou
feita de folhas em branco
Sou
feita de rabiscos de poemas em construção
Sou
construção de um poema em ebulição
Sou
a capa de um livro espelhado pela cor reluzente
Sou
um livro à espera do leitor
Sou
um texto composto de palavras vocabulares
Sou
as palavras populares
Sou
os signos de um texto lido
Sou
os significantes e significados de um texto
Sou
os significantes do amor
Sou
os significantes da flor
Sou
palavras nuas
Sou
palavras cruas
Sou
nua palavra
Sou
crua palavra
À espera do olhar do leitor
À espera do amor do leitor
À espera da interpretação do leitor
Sou
palavras
Sou
textos
Sou
significados
Sou
significantes
Sou
signos
Sou
rabisco poético
Sou
um livro de mistérios
Sou
um livro de romance
Sou
um livro poético
À espera do leitor
Sou
palavras nuas!
*
NOTAS
DE CHUVA
Somos
os pingos de chuva que caem bruscamente
Somos
os vitrais das janelas que acalantam os pingos de chuva
Somos
os sons da chuva que orquestram uma sinfonia clássica
Somos
a orquestra de chuva que toca a nona sinfonia de Beethoven
Suave
Lenta
Brusca
Afoita
Ao
som da nona sinfonia
Os
pingos de chuva são a arte musical aos ouvidos humanos
A
chuva compõe as notas musicais mais sutis
Sutis
são as notas musicais dos pingos de chuva
Que
elaboram a arte musical e instrumental
Arte
da chuva ao sentir da audição humana
Silenciosamente,
soam notas musicais de Mozart
Silenciosamente, ecoam notas musicais de Beethoven
Somos
os pingos de chuva que caem bruscamente
Somos
os vitrais das janelas que acalantam os pingos de chuva
Somos
os sons da chuva que orquestram uma sinfonia clássica
Somos
a orquestra de chuva que toca a nona sinfonia de Beethoven
Suave
Lenta
Brusca
Afoita
Somos
orquestra sinfônica chuvosa
Somos
a chuva raivosa
Somos
arte musical e instrumental dos pingos
de chuva!
Somos
notas musicais vivas
Somos notas musicais pulsantes
Somos
notas musicais alucinantes!
*
LUAR
DO SERTÃO
Ah!
Que saudade que tenho daquele luar do meu sertão
Luar
dos tempos de outrora e das distâncias sertanejas
Lindo
como a beleza do mar da alma
Grande
como a imensidão dos céus
Ah!
Que saudade que tenho do luar do meu sertão
Brilho
intenso, feixe de luz reluzente!
Luar
do meu sertão
Flor
do sertão
Que
exala essências raras
Que
exala amor
O
luar do sertão conquista o meu coração
Ah!
O mar do sertão!
Ah!
A flor do sertão!
Ah!
Luar do sertão!
Ficaram
no meu sertão
Ficaram
imersos no meu coração
O sertão está enraizado no meu coração
Ah!
Que saudade do luar do meu sertão
Que
saudade do lugar do meu sertão
Que
saudade da flor do meu sertão
O
meu sertão me alegra a cada canção de Maria Bethânia
Surge
o sertão nas memórias 'sertânicas'
Esse sertão embreado no meu ser
É
o ser/tão
É
o sertão
O
luar do sertão
Que
reluz em sua voz solitária
Como
uma flor à espera da primavera
Ah!
O luar do sertão
Aquela
voz velada e sussurrada do meu sertão
Saudade
do luar do meu sertão
Ser/tão
em mim
No
luar em si
No
luar dos amores
Onde
estará o meu luar do sertão?
Onde
estará o meu ser/tão?
Onde
estará o meu sertão?
*
SINFONIA
PERFEITA
Amanheceu
o dia
Ao
fundo ouvem-se cantos sussurrados
Aos
poucos os cantos tomam forma estridente
De
uma orquestra sinfônica
Orquestra
de pássaros que se organizam
Em
uma bela orquestra sinfônica
Regida
pela paz dos cantos alados
Diversidades
nos cantos
Uma
sinfonia à la Beethoven
Regida
pelo mestre maior
Regida
pelo mestre menor
Pássaros
sinfônicos
Sinfônicos
pássaros alados
Que
com seus cânticos simétricos e orquestrados
Alcançam
a oitava nota sinfônica
Alcançam
a perfeição dos cânticos
Eles
cantam
Eles
tocam
Eles
choram
Eles
alegram o amanhecer dos seres
Que
acompanham a perfeição da sinfonia máxima
Dos
pássaros alados
Pássaros
cantadores
Pássaros
perfeitos
Perfeitos
pássaros
Cantadores
pássaros
Orquestra
Sinfônica
Perfeita
Perfeição!
*
(fotografia do acervo pessoal da autora)
JOSUELENE DA SILVA SOUZA é natural de Brumado/BA, graduada em Letras, pela
Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Especialista em Literatura Brasileira, também pela UNEB. Especialista em A Moderna Educação:
Metodologias, Tendências e Foco no Aluno, pela Universidade Católica do Rio
Grande do Sul - PUCRS. Mestra em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS. Faz parte do grupo Mulherio das Letras da Bahia. Acadêmica Imortal Vitalícia da Academia Internacional das Mulheres das Letras. Em 2021 teve poemas publicados na Revista Carlos Zemek: Arte e Cultura e na Revista Ser MulherArte. Participou da segunda, terceira e quarta edição da Revista Literária Prosa e Verso, em 2020 e 2021. Participante do projeto Bom dia com Literatura Feminina e idealizadora do projeto Bom dia Com Poesia, 2021.
Livro publicado: Narrador e leitor machadianos: figurações em Memórias
Póstumas de Brás Cubas (Editora Appris, 2018).
Participação em coletâneas: Revelações literárias: conto, crônicas e poemas (coletânea, EDUNEB, 2012); Tabuleiro de poesia (coletânea, Mulherio das Letras da Bahia, 2020); Sinergia (coletânea, e-book, org. Jeovânia Pinheiro, Ixtlan, 2021); O Livro das Marias III - uma força sublime (coletânea, org. Jeovânia Pinheiro, Ixtlan, 2021); Versos & Folia (coletânea, org. Anita Santana e Adalberto Silva, INDE, 2021); Luz dos olhos teus
(antologia póetica II, org. Rita Queiroz, EHS Edições, 2021); Mulheres a uma só voz (coletânea, org. Adriana Mayrinck, In-finita, 2021).
Parabéns!
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