Para não dizer que não falei dos cravos 02 | "PEDRA", livro infantil de FILIPE MACEDO
Para não dizer que não falei dos cravos...(02)
... eu falo sobre o livro infantil
PEDRA
de FILIPE MACEDO
A MENINA QUE SE CHAMA PEDRA E QUE CONVERSA COM PASSARINHOS
PEDRA (Ciranda
Cultural/2020) é um livro infantil escrito por FILIPE MACEDO e lindamente
ilustrado por Luci Sacoleira.
Nessa obra tão bela e rara, o escritor Filipe Macedo conta a história de uma menina muito diferente. Sabem por que ela é diferente? Só porque ela tem um nome que não é comum! Sim, isso mesmo, ela se chama Pedra!
Pedra é uma menina que nasceu em uma cidade chamada Mar Vermelho. Quando ela nasceu, seu pai a achou tão linda, mas tão linda, que deve ter pensado: '- puxa vida, minha filhinha é tão linda que parece uma pedra preciosa!' Por isso mesmo resolveu batizá-la de Pedra, 'a mais bonita e preciosa de todo o mundo', pensou o pai, todo encantado! A mãe acabou concordando com o nome da filhinha e, então, estava resolvido!
Enquanto era pequenina, Pedra era feliz da vida, brincava pelo quintal, comia fruta do pé, e nem precisava usar sapatos, porque gostava mesmo era de sentir a terra, as plantas e as pedrinhas pelo chão! Pedra tinha três bichinhos de estimação: um pato, uma galinha e um cachorro! Os três melhores amigos de Pedra tinham nomes, é claro, mas isso você só vai saber daqui a pouco!
A vida era, de fato, uma verdadeira delícia na vidinha miúda da pequena Pedra! No entanto, como tudo na vida, a gente sempre cresce e, sem querer, acaba encontrando 'pedras' no meio do caminho... às vezes, grandes, às vezes pequenas, até miudinhas e, então, é preciso aprender a seguir adiante, seja pulando, desviando, nem ligando, ou mesmo enfrentando de cabeça erguida e coração otimista, todas as dificuldades (ou 'pedras') do caminho! Mesmo ainda tão criança, o fato é que com a menina Pedra a vida não foi diferente...
Aos sete anos, Pedra foi matriculada na escola da cidade. Feliz da vida, lá foi ela pela estrada, para seu primeiro dia de aula! "(...) Quando a professora começou a chamada da turma e chegou a vez de Pedra, as crianças, ouvindo aquele nome diferente, começaram a rir. Foi ali que Pedra percebeu que todos tinham nomes comuns, menos ela. A menina queria cavar um buraco no chão e se esconder (...)", escreveu o Filipe no livrinho da Pedra! Pelo jeito, essa seria a primeira 'pedra' no meio do caminho ainda miudinho daquela menina... Assim que terminou a aula, Pedra saiu correndo embora para casa, com alguma coisa estranha apertando seu peito e muita vontade de chorar... No entanto, ela não teve coragem de contar para os pais o que tinha acontecido na escola, e nem da sua enorme tristeza ao saber que seu nome não era 'bem visto' pelos colegas da classe... Ela só sabia pensar: "(...) Eu odeio me chamar Pedra! (...)".
Angustiada, a menina
queria achar um jeito de tirar aquele aperto do peito, botar para fora aquela
sensação esquisita, e nem queria mais saber de voltar para a escola! Resolveu, então, subir na árvore mais comprida que havia naquele sertão e, lá do galho
mais alto, começou a gritar, pedindo a algo ou alguém alguma explicação para a
razão de se chamar Pedra. Reclamou muito, cada vez mais alto, mas não houve
jeito, ninguém ouvia... Voltou para sua casa ainda mais triste, com aquele
aperto ainda maior no peito, e sem vontade de nada...
Na manhã seguinte, Pedra não quis saber da escola, só pensava em tirar de vez aquela 'pedra' do seu
caminho, aquele peso do seu coração... A mãe acabou deixando que ela ficasse em
casa, mesmo sem saber direito qual era a tristeza da menina. Pedra continuava a
tentar descobrir uma maneira de arrancar de vez aquela dor do seu peito, então
olhou pela janela e, de repente, teve outra ideia: resolveu subir na montanha
mais alta que conseguiu encontrar lá longe onde seus olhinhos alcançavam. Saiu,
andou, andou, subiu, subiu, até que finalmente chegou no topo da montanha. Gritou, reclamou, mas de nada adiantou: "(...) o silêncio chegou e
ninguém ouviu o que Pedra falou. Ela pegou o caminho de volta, com o peito
apertado, sem entender o que estava acontecendo (...)".
Quando chegou em casa, a
menina foi para o quintal e, ali mesmo, chorou muito, tamanha a tristeza que
estava sentindo... Junto com suas lágrimas, começou a cair uma garoa fininha.
Foi então que Pedra sentiu um passarinho pousar em sua cabeça e começar a
cantar. Pedra ficou maravilhada e achou que o passarinho, na verdade, queria
mesmo era conversar com ela! O passarinho saiu voando devagar e baixinho, então
Pedra resolveu segui-lo, pois estava certa de que ele queria lhe dizer (ou,
quem sabe, mostrar?) algo importante! Até que finalmente o passarinho parou de voar, e pousou! Pedra percebeu
que o passarinho a levara a um lugar que ela nunca tinha ido antes!
Você quer saber que lugar
era aquele? E o que o passarinho quis mostrar, e que Pedra encontrou naquele
lugar, que mudou completamente a sua história? Para saber 'o rumo dessa prosa'
e como Pedra conseguiu tirar a primeira 'pedrinha' do seu caminho, você precisa
correr ligeiro e chamar pelo 'passarinho' Filipe, para que ele te mande 'voando'
esse livro tão encantador e muito importante - para cada menina e menino, seja
criança pequena como a Pedra, ou grande, como eu e o Filipe -! Tenha certeza de
pelo menos uma coisa: no final das contas [porque o resto dessa história o 'passarinho' me proibiu de contar, para não perder a graça e o mistério dessa
prosa!], o mais importante de tudo na vida é que no meio do caminho pode até de
vez em quando (ou quase sempre) aparecer uma pedrinha, uma pedra ou uma pedrona
[ou, se preferir chamar: um probleminha, um problema ou um problemão!], mas também
sempre surge muita coisa boa, gente bonita, amorosa, alegrias passageiras ou
duradouras, até mesmo 'passarinhos encantados' feito o Filipe, que inventam, contam histórias e levam alegria para toda a criançada [seja criança pequena, maiorzinha
ou gente grande]!
Ahhh... e não esqueça de
chamar a menina Pedra, para que ela possa te contar o final tão bonito da sua
história! Tenho certeza de que ela irá adorar! E o Filipe também!
(Nic Cardeal)
Um trecho do livro Pedra:
"Esta história começou há muito tempo, em uma cidade chamada Mar Vermelho, no sertão de Alagoas.
Foi lá que dona Luzia deu à luz uma menina muito linda! O pai, senhor Arlindo, quando olhou pela primeira vez nos olhos da menina, percebeu algo precioso e foi logo dizendo:
- Minha filha é diferente! Vai ter um nome especial e todos um dia vão conhecê-la; por isso, seu nome será Pedra.
Dona Luzia estranhou, mas, olhando para a bebê, disse:
- Acho que combina com ela!
O tempo passou bem ligeiro, e a menina Pedra cresceu feliz no meio do sertão, comendo fruta do pé, brincando descalça na terra e cuidando dos seus três bichos: o pato Cotó, a galinha Biquinho e o cachorro Milu.
Quando completou sete anos, no primeiro dia de aula, teve uma grande decepção...
Quando a professora começou a chamada da turma e chegou a vez de Pedra, as crianças, ouvindo aquele nome diferente, começaram a rir.
Foi ali que Pedra percebeu que todos tinham nomes comuns, menos ela.
A menina queria cavar um buraco no chão e se esconder. Sentiu algo esquisito no peito, e foi tão forte que ela pensou que fosse explodir.
Mal terminou a aula, Pedra saiu correndo da escola para casa, com medo que os colegas continuassem a rir dela.
(...)"
(Filipe Macedo)
*
fotografia do arquivo pessoal do autor
FILIPE MACEDO estudou
Produção Audiovisual e Artes Dramáticas. É especialista na Arte de Contar
Histórias pela Casa Tombada, de São Paulo/SP. Estudou Libras, é professor e
contador de histórias. Adora ser chamado de Passarinho, ama poesia e é apaixonado por Manoel de Barros.
Livros publicados: Pedra (infantil, Ciranda Cultural/2020); e Meu reino por um troninho (infantil, Ciranda Cultural/2022).
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