A POESIA ENVOLVENTE DE DIANA PILATTI | Projeto 8M
8M
Mulheres não apenas em março.
Mulheres em janeiro, fevereiro, maio.
Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios.
Mulheres quem somos, quem queremos.
Mulheres que adoramos.
Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato.
Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas.
Mulheres de verdade, identidade, realidade.
Dias mulheres virão,
mulheres verão,
pra crer, pra valer!
(Nic Cardeal)
Navegue na poesia envolvente de DIANA PILATTI:
POESIA DIÁRIA
enquanto o poeta grita
sob águas serenas
e sangra
tempo liquefeito
a poesia dissimula
empapada de rotinas
uma poesia cronometrada
escancionada
a s q u e r o s a e s í n i c a
no enleio diário
das bocas salivando mentiras
enquanto o poeta afunda
e grita
borbulha versos mudos
como as lágrimas puras
das crianças violadas
(* poema do livro Palavras avulsas)
-*-
ENCONTRO MARCADO
Hoje à noite
ali no terceiro verso
vista sua melhor rima
(* poema do livro Palavras avulsas)
-*-
-*-
DRUMMONDIANA
não rolei
não pulei
nem desviei
a pedra no caminho
sou eu...
(* poema do livro Palavras avulsas)
-*-
-*-
ANSIEDADE
mil vozes
murmuraram aqui dentro
gritam
debatem
num ruflar de mil pássaros
cativos
seus pequenos pulmões que nunca
dantes respiraram o ar pesado do
cárcere sufocam ao bater apressado
de seus fortes corações numa cadeia
de explosões
falta-me ar
a palavra amordaçada
é a justa rima que falta.
(* poema do no livro Palavras avulsas)
-*-
poemas/imagem do arquivo pessoal da autora
-*-
ECOS
por um segundo
uma lágrima
é eternidade
(* poema do livro Palavras póstumas)
-*-
ANDARILHO
não sou ninguém
nada tenho
andarilho
nos teus átrios
aos teus serviços
na ponta dos meus dedos
teus flancos pardos
entre o enleio laço
do meu abraço-servo
me acho
nos meus olhos
teus olhos de mil estrelas
faíscas na minha noite
a relva
a chuva
sopras no meu rosto
teu hálito de eternidade
rasgo meu tempo
lanço mão de todos compêndios
só para fazer reverberar no meu peito
todo meu medo
e alegria incrédula
prostrados
ante teus vitrais sacros
úmidos
das manhãs de domingos
chove
em minha boca de deserto
oásis sagrado
entre todas as minhas miragens
tu, Lua Alta,
meu altar sagrado,
sou teu servo
teu bardo
e as rimas vadias que teço
teu nome sacro
ecoa
meu desejo lacaio
de adorar-te.
lento
e morno
na vastidão da tua boca
ressoa
essa risada úmida
onde quero morrer
(* poema da antologia Mulherio das Letras Portugal - Poesia)
-*-
poemas/imagem do arquivo pessoal da autora
-*-
na poesia que esvazio
a agonia da sua fuga
a tortura do seu nunca
neste momento-súplica
que as fiandeiras se compadeçam
da minha rudeza
(* poema do livro Palavras diáfanas)
-*-
ASTRO LÁBIO
no sopro da noite
o dorso nu
Cavaleiro da Lua
meu beijo
tua omoplata prateia
e te permito
bem o sabes
todos os meus horizontes
(* poema do livro Palavras diáfanas)
-*-
poemas/imagem do arquivo pessoal da autora
-*-
SIGNIFICANTE
uma palavra
perdida
no viés da boca
escapa
no plissê dos lábios
foge
no fôlego
que me sorve
no meu silêncio
faz-se ocaso
no meu rosto
arrebol
e desejo
na poesia
que me desenhas
(* poema do livro Palavras diáfanas)
-*-
-*-
(*) 8M: 8 de Março = Dia Internacional da Mulher: Projeto 'Homenagem a mulheres escritoras/artistas', iniciado em março/2021, por Nic Cardeal.
DIANA PILATTI é natural de Foz do Iguaçu/PR, e reside em Campo Grande/MS desde menina. É graduada em Letras pela UCDB, e fez mestrado em Estudos de Linguagens pela UFMS. É professora da rede estadual de MS desde 2007. Possui poemas publicados em antologias e revistas. Seus textos estão no blog 'Pré-Livre' (dianapilatti.blogspot.com.br) e nas redes sociais (@dianapilatti).
Livros publicados: Palavras avulsas (poesia, volume 7 da 'I Coleção de Livros de Bolsa do Mulherio das Letras', Belo Horizonte/MG: Venas Abiertas/2019); Palavras póstumas (poesia, volume 5 da 'II Coleção de Livros de Bolsa do Mulherio das Letras', Belo Horizonte/MG: Venas Abiertas/2020); Palavras diáfanas (poesia, São Paulo/SP: Patuá/2021).
Participação em antologias e coletâneas: Mulherio das Letras Portugal - Poesia (org. Adriana Mayrinck, Lisboa-PT: In-finita/2020); A vida em poesia (poesia, org. Lura Editorial/2021); Quatro estações - haicai/haikai/haicu (volume 4 - org. Carla Ivana, 2021); entre outros.
Comentários
Postar um comentário