DOZE POEMAS DE ANA VALÉRIA FINK | PROJETO 8M
8M (*)
Mulheres não apenas em março.
Mulheres em janeiro, fevereiro, maio.
Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios.
Mulheres quem somos, quem queremos.
Mulheres que adoramos.
Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato.
Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas.
Mulheres de verdade, identidade, realidade.
'Dias mulheres virão',
mulheres verão,
pra crer, pra valer!
(Nic Cardeal)
Viaje na poesia marcante de ANA VALÉRIA FINK:
A ÁGUA DA PIA
a água da pia,
em círculo
vai pelo ralo.
e eu não tenho a tampa...
assim, a vida.
passando, correndo,
voando, escoando
depressa, sem que
nada a detenha.
a vida, líquida,
escoando pelo ralo.
e eu não tenho a tampa...
(* publicado no livro Mosaico)
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FRAGMENTOS
meu coração bate em peitos outros
e o líquido das veias,
já extremamente fluido,
é água destilada.
vou me diluindo pelo mundo.
não sei me guardar,
o turbilhão de afeições me arrasta,
e vou inteira.
não tenho nada,
me dividi,
e meus pedaços se perderam
por entre as dobras da vida.
sou um mosaico,
formado de estilhaços
dos que também se despedaçam
no caminho.
(* publicado no livro Mosaico)
-*-
EM CLARO
queria fazer nessa insônia
poesia
mas ela dorme
e sonha pesadamente.
(* publicado no livro Mosaico)
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ENTALHE
o amor é fusão,
como a fundição dos metais,
formando um,
permanecendo dois.
o amor é sólido
rocha a talhar,
polir,
diamante a facetar,
lapidar,
tornando-o delicado,
sem alterar sua poderosa condição
de pedra.
(* publicado no livro Mosaico)
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CLAUSURA
essa agrura
que supura
– loucura!
essa amargura
pela ruptura
por ora
é só
o que depura…
de fatura:
a cura!
(* publicado na Revista Ruído Manifesto, 12/04/2020)
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PENÉLOPE INVERTIDA
os sonhos que teço
à noite
de dia
a distância real
trata de embaraçar...
mas não desmancha
a trama
firmemente urdida
(* em sua TL no Facebook, 06/02/2023)
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A LUA E EU
a lua e eu minguantes...
só essa
a semelhança.
de resto,
nada coincidente.
a lua rege as marés,
a maré me leva.
a lua está salpicada
de desertos secos
e eu afogada
em mares salgados.
a lua ativa a seiva
das plantas,
e eu nem minha própria essência
controlo.
a lua brilha,
lua cheia,
eu sempre minguando.
devo parecer mais com seu lado oculto.
(* publicado na Revista Carlos Zemek - revistacazemek.blogspot.com - 10/09/2021)
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(*) 8M: 8 de Março = Dia Internacional da Mulher: Projeto 'Homenagem a mulheres escritoras/artistas', iniciado em março/2021, por Nic Cardeal.
ANA VALÉRIA FINK é natural de Curitiba/PR e atualmente reside em Bombinhas/SC. É graduada em Odontologia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR, escritora (poeta, contista e cronista) e revisora. Seu conto 'Meio a meio' foi vencedor, na categoria, do '9º Concurso Literário Celso Sperança', em Cascavel/PR, em 2018. Organizou as publicações póstumas de Vitor Hugo Martins: 'Crônico ofício' (Ibicaraí/BA: Litteratum/2019) e 'Todos os vhersos' (Ibicaraí/BA: Litterarum/2020).
Participação em antologias e coletâneas: Antologia de Poemas Novelo (poesia, Ponta Grossa/PR: Editora da UEPG/1995); Antologia Comemorativa Dia Internacional da Mulher Mulherio das Letras Portugal (prosa e conto, Lisboa-PT: In-finita/2019); Antologia Rupturas (org. Tiago Novaes, Dedalus Editorial/2020); As mulheres poetas na literatura brasileira (org. Rubens Jardim, Arribaçã/2021); entre outras.
Livros publicados: A história de uma boca (infantil, terceiro lugar no 'V Concurso da Companhia Editora de Pernambuco de Literatura Infantil', PE: CEPE, 2015); Regando os Jardins do Senhor e outras crônicas (Ibicaraí/BA: Via Litteratum/2015); Mosaico (poesia, Curitiba/PR: Edições Marianas/2018); Cornucópia (crônicas, Guaratinguetá/SP: Penalux/2021).
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