A POESIA E A PROSA DE ADRIANA ANELI | PROJETO 8M




fotografia do arquivo pessoal da autora 

8M (*)

Mulheres não apenas em março. 
Mulheres em janeiro, fevereiro, maio.
Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios.
Mulheres quem somos, quem queremos.
Mulheres que adoramos.
Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato.
Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas.
Mulheres de verdade, identidade, realidade.
'Dias mulheres virão', 
mulheres verão,
pra crer, pra valer!
(Nic Cardeal)

Mergulhe na palavra múltipla - e poética - de ADRIANA ANELI:

Terra fértil
despercebida
não se ergue
nega
aceita
agradece
e retribui
Tem sempre a melhor colheita
quem conhece a alma de seus grãos.

(* poema publicado no livro Mitos e lendas: o amor no folclore brasileiro)

capa do livro Mitos e Lendas: o amor no folclore brasileiro 
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O PESCADOR DE ILUSÕES 

Morava naquela calçada... até as pessoas de bem se sentirem incomodadas. Então se mudava para outra calçada. A vida cabia na mala e ele a arrastava. Pedia dinheiro para o café. Não davam. Vai pra crack e cachaça. Não ia não. Ele nem queria crack e cachaça. É verdade. Queria café. Comida arrumava. Queria café. Café, moço. Perdeu o juízo, mas não a vontade. Só queria um copo de café quente, muito quente, tão quente que descesse pela garganta queimando, queimando, quente... até aquecer a ponta dos dedos nesta manhã gelada.

(* miniconto publicado no livro Amor expresso, p. 32)

capa do livro Amor expresso 
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A HORA DA ESTRELA

Assustada com o futuro lido na borra de café passou a tomar chocolate quente.

(* miniconto publicado no livro Amor expresso, p. 33)

imagem do Pinterest 
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trago versos de rua
risadas recolhidas
resposta atirada no tempo
                       mergulho infinito
na boca que se abre.

(* poema publicado no livro O sol da tarde, p. 15)

capa do livro O sol da tarde
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seu olhar diz o que não devo
e ordena                             despe
seu olhar aprisiona minha culpa
deito nua nesse olhar
que atravessa
rasga
                                desobriga.

(* poema publicado no livro O sol da tarde, p. 21)

imagem do Pinterest 
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mistura tudo
com um pouco de graça
começa larga separa desfruta
vida se agita entre as pernas
prédios emoldurados
onipresente espaço que voa          interage eterno
espasmos se alternam em meu amor eterno
mistura a graça separa
pernas onipresentes
e me larga na rua
             de novo.

(* poema publicado no livro O sol da tarde, p. 25)

imagem do Pinterest 
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O descompromisso
com meus sonhos
me torna livre

Envelhecer é tirar um cochilo
de todo este propósito.

(* poema publicado no coletivo Sete luas, p. 48)

capa do livro Sete luas
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Querem saber quem me matou...
Deveriam saber por quem vivi.
É tão noite.
Daqui ouço os mesmos pedidos.
Os mesmos cães ladram, 
a mesma caravana empunha a arma.
Amei. Lutamos. Sonhamos. Zumbi...
do... grito a velocidade.
Se meus caminhos foram os mais difíceis,  
por que minha morte teria um caminho fácil?

(* poema publicado no coletivo Marielle's, p. 79)

capa do livro Marielle's
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Alimentar-se da folha caída
decompor o silêncio em
sódio e carbono
sorver do pó o impacto
somar-se
em cada movimento 
tornar a onda inevitável.

(* poema publicado no coletivo Colheita, p. 89)

capa do livro Colheita 
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(*) 8M: 8 de Março = Dia Internacional da Mulher: Projeto 'Homenagem a mulheres escritoras/artistas', iniciado em março/2021, por Nic Cardeal.


fotografia do arquivo pessoal da autora 


ADRIANA ANELI é natural de São Paulo/SP, onde vive. Graduada em Direito pela USP e pós-graduada em Direito de Família e Mediação de Conflitos Familiares. É escritora e dramaturga do grupo 'Baila Comigo'. Membro correspondente da UBE/RJ e do 'Coletivo Marianas'. Idealizadora do projeto 'Tempestade Urbana' (2013), comunidade que reúne artistas e trabalhos de várias partes do mundo. Ao lado de Chris Herrman, é editora da página literária 'Boca a Penas'. É colunista da Revista Plural da Editora Scenarium Livros Artesanais/SP!

Participação em Coletivos e Revista Plural da Editora Scenarium Livros Artesanais/SP: Crepúsculo (Revista Plural, nov/2015); Trezentos e Sessenta (Revista Plural); Wild Nights (Revista Plural, nov/2017); Coletivo 2017 (Coletivo, poesia, org. Lunna Guedes, 2017); Sete luas (Coletivo, poesia, org. Lunna Guedes, 2018); Ciranda (Revista Plural, março/2018); Que tal um café? (Revista Plural, jun/2018); Clandestina (Revista Plural, ag/2018); Marielle's (Coletivo, org. Andri Carvão, 2018); Feliz Ano Velho (crônicas,  org. Lunna Guedes, 2018); Plural F.451 (Revista Plural', 2019); Mask (Revista Plural, 2020); Colheita (Coletivo, poesia, org. Lunna Guedes, 2021); Roteiro imaginário (Coletivo, org. Lunna Guedes, 2021); Casa cheia (Coletivo, org. Lunna Guedes, 2021); entre outros.

Livros publicados: Do todo, mulher (Scortecci Ed./1991); Jogo da vida (poesia, Scortecci Ed.); Todas as cores do amor (poesia, Scortecci Ed./2002); Mitos e lendas, o amor no folclore brasileiro (poesia, Desconcertos Ed./2014); Amor expresso (minicontos sobre o café, Scenarium Livros Artesanais/2015); A construção da primavera (crônicas, Scenarium Livros Artesanais/2016); O sol da tarde (poesia, Scenarium Livros Artesanais/2017); Tempestade urbana (poesia, Scenarium Livros Artesanais/2021); Sol de Pirlimpim (Infantojuvenil, Edições Saruê/2021).




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