Coluna "Homenagem Póstuma" 01 MAURA DE SENNA PEREIRA, A PRIMEIRA MULHER NO BRASIL A TOMAR POSSE EM UMA ACADEMIA DE LETRAS
"Escrever para mim é algo angustiante e voluptuoso. Escrever é criar e não concebo criar o vazio. A forma e o conteúdo são igualmente importantes e, como escriba, meu maior alvo (que decerto jamais atingirei) seria, num dizer novo, fazer soar a voz do nosso tempo." (1)
• Maura de Senna Pereira em prosa e verso:
DA RELIGIOSA CONCENTRAÇÃO
Não perturbes agora o meu pensamento. Não me fales agora. Deixa-me na companhia dolorosa da minha alma. Este instante não te pertence: é para os meus mortos...
Sabes? Para aqueles que tiveram nas veias o meu sangue e o meu sonho e que viveram no meu lar, pertinho de mim, as horas de ouro que esta hora de dor está ressuscitando...
Sabes? Para aqueles que fecharam para sempre os olhos à inquietação deliciosa da vida e que moram agora num pequenino canteiro onde as violetas sonham na sua humildade azul...
Não perturbes agora o meu pensamento. Não fales, não rias, não soluces. Eu quero estar na companhia dolorosa da minha alma. Este instante não te pertence: é para os meus mortos...
(* crônica do livro Cântaro de ternura)
capa do livro Cântaro de ternura
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EM VERDADE TE DIGO
Em verdade te digo que não foi naquela hora
que te pertenci:
quando me tomaste nos teus braços poderosos
e me tiveste sob teus beijos e tua respiração.
Em verdade te digo que não foi naquela hora,
mas quando, diante do teu, surgiu meu
espírito livre e novo
de rebento inquieto deste século
e descobrimos todas as comunhões das nossas almas.
Quando conheceste as minhas derrotas
e disseste que eram triunfos.
Quando viste pulsar meu coração nu
e o festejaste.
Quando soubeste que nem sempre
os teus pensamentos são os meus pensamentos
nem os teus caminhos são os meus caminhos.
Mas o amor brilhou como nunca em tua face
e me surpreendeste com a cascata de palavras
de que eu tinha sede
desde a minha primeira hora consciente.
Foi quando te pertenci.
(* poema do livro Poemas do meio-dia)
capa do livro Poemas do meio-dia
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CANTO PRIMEIRO
Ainda que no meu minuto de poesia eu praticasse
o nudismo completo da alma
e as gentes se curvassem diante da minha pureza;
embora eu possuísse a graça dos lírios do campo
e a minha palavra fosse como água clara
rolando da montanha
e eu me sentasse ao lado dos grandes
em sabedoria;
e ainda que eu tivesse a beleza de Paulina Bonaparte
e os homens me chamassem divina
e a doçura da úmidas bergamotas
meu amado sempre achasse em minha boca;
ainda assim, tudo faltaria
se eu não tivesse o humano em todos os meus gestos.
Se o rosto de todas as crianças
eu não quisesse banhado de ventura
como se elas tivessem brotado de minha carne
e devorado meu sangue antes de nascer.
Se eu não tivesse o humano em todos os meus gestos
e não fosse capaz de querer
para todo ser humano
o pão, a rosa e a paz.
(* poema do livro Círculo sexto)
capa do livro Círculo sexto
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CANTO DA AMANTE AMADA
Ainda trazendo sol e sal
além do ímpeto e da esperança
chegou o Amado.
É alvo o leito e o instante é alvo
porque desatado
de tudo o que antes
turvava o amor.
Nada conspurca
incompleta ou ensombra
meu festim de entrega
e o total carinho pela noite alta
me faz tão sagrada
que me julgo a terra.
Ah, eu sei que - um dia - estarei derramada
em cinzas pelas companheiras rosas
mas - antes - rosas brotarão de mim.
(* poema do livro País de Rosamor)
fotografia de Maura de Senna Pereira e José Coelho de Almeida Cousin (♧)
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CANTO DA COMPANHEIRA
Sairei pela manhã clara em busca do pensamento do mundo
Irei até às searas e às trepidantes fábricas
e verei o operário mover êmbolos
e turbinas, hélices, tratores.
Entrarei nos barcos, descerei às minas,
estarei nas mansões e nos cortiços
nas igrejas e nas tascas
pois nenhum lugar me há de ser vedado.
Escutarei as ânsias do povo, as pedras da rua
e verei as lutas entre o velho e o novo.
Escreverei então
com suor e sangue e o húmus da terra
o que houver captado
assim unida, colada ao fundo da vida.
Só voltarei pelo fim da tarde
com ligeiros passos
para pôr, antes da noite,
flores vivas no grande jarro.
Cortarei rosas no jardim em tua honra
rosas e dálias para te saudarem.
Voltarei com ligeiros passos
e quando chegares trazendo teu dia
áspero, participante, igual ao meu
e cachos de begônias rubras para mim
já estarão soltos meus cabelos
e acesa a lâmpada.
(* poema do livro A dríade e os dardos)
capa do livro A dríade e os dardos
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INTEMPORAL
a Guido Wilmar Sassi
Simples fêmea das cavernas
ou nascida no século vinte e um
carregaria sempre esta flama, esta
ânsia que me faz - na escuridão
de um mundo em estertor -
querer antecipar
o alvorecer
com tintas fortes de revolta e amor
Assim, nas primitivas eras, sujeita
aos quase-bichos, decerto pensaria
em conceber um homem. E - irmã
dos homens quase livres de amanhã -
sonharia com outros passos para a frente
com o século trinta e sete talvez
(ou quarenta e cinco
ou cinquenta e três)
enfim com o ser humano já liberto
e sendo já a Terra
dália azul perfeita - sem traço algum
de sangue e desamor
(* poema do livro Despoemas)
capa do livro Despoemas
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OS ADEUSES
I
Eu não verei a aurora
Quando essa era, porém, chegaria a vossos lares
Eu já terei voltado ao seio do universo.
Mas, porque vos amei - homens! - nos ares
Minha alma ficará, vibrando no meu verso.
Almeida Cousin
Quando este mundo imundo desabar
caírem as ditaduras, a ignomínia das torturas
tiver fim, os povos forem
livres e fartos, as castanhas saltarem
festivas em todos os pratos
a longa noite acabar
eu não verei a aurora
Eu não verei a aurora
e saúdo com aleluias
todos aqueles que verão
temendo somente que ela não venha
logo resplandescente e, ao surgir,
traga ainda estigmas do século
pálidos painéis de guerras e holocaustos
sombrias manchas de mártires e déspotas
sinistras forcas esmaecendo
ainda doendo antes de tragadas
pelo esplendor da nova gênese
II
Testamento
O que me punge não é propriamente a morte
embora me revolte: é a tumba, a podridão
Quando tudo deveria ser feito para alegrar a vida
que só a vida importa
nada se omite para tornar menos triste a morte
ao ponto de fazer a terra cúmplice
do banquete macabro que eu não quero ser
A terra é para se abrir em flor e fruto
dar a espiga o cacho o grão a fonte o bosque
a terra é para nutrir, não para consumir
(Como, em verdade, definir a vida
se me transformarei em lembrança? E a eternidade
se, quando por sua vez morrerem os que me amam,
de todo me finarei? Porém, o que não é inevitável
é a degradação de apodrecer)
Ora, dirão, a cremação não tarda
e poderás escolher... Pois, se assim for,
que eu arda morta como ardi em vida
por meu amor, meu sangue, meu amigo,
pelo ser humano,
por um mundo melhor
Mas, por favor, não me prendam depois em
nenhuma arca
seja se madeira ou de lata, nem de ouro nem
de prata
Não me guardem (cruzes!)
E - já em cinzas livres e quentes -
num gesto natural de quem espalha sementes
eu seja espalhada pelos ventos
É este o meu intento, é isto só o que eu peço
Estarei toda no universo
e não serei nada
(* poema do livro Despoemas)
fotografia de Maura de Senna Pereira (♧)
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CLAMOR DA TERRA INUNDADA
Eu sou a mulher plantada
na terra que era um celeiro
que a si mesma se bastava
e ainda seus belos frutos
lá por fora derramava
Hoje sou planta sofrida
que a terra está inundada
Parecendo maldição bíblica
águas diluvianas caem na terra inocente
e grandes rios crescem
(são colinas? são montanhas?)
e transbordam
inundando também as glebas vizinhas
por outras chuvas atormentadas
Ai! Tornou-se uma tragédia o cone sul do País!
Ai! Quem pode dizer de tal tormento? Quem o diz?
Eu sinto que meus pés são raízes
moles e fugidias e que as águas
já me ultrapassam a cintura
e que meus peitos magros submergem
E sei que há milhares de meninos sem leite
e sem leito
e sei que há milhares de seres com fome sede
e frio. E sem morada
Em breve as águas chegarão à minha boca
e eu não poderei sequer chorar
chegarão aos meus cabelos
e eles se confundirão com os mortos e os destroços
Eu sou a terra inundada
Ah se houvesse um anjo que costurasse
lá em cima as nuvens prestes a cair
e para o norte depois as levasse
e lá desatasse os pontos
e sobre as terras secas o inverno chegasse!
E livres das chuvas
que foram matar a sede de outros seres
nossas terras voltassem ao que eram antes!
Eu sou a planta que apesar de tudo ainda sonha:
esse anjo não existe
Mas existem outros: vós, irmãos conterrâneos e
de todo o País
dando de vossas sobras ou partindo ao meio
o vosso pão
e até presos se privando de uma refeição
para ajudar - num gesto raro
de fraternidade humana -
estais tentando salvar os flagelados:
pássaros trazem a cada hora vossas dádivas
socorros estão vindo de todos os lados
As águas não chegaram ainda aos lábios meus
e eu ainda posso agradecer
vosso amor que não cessa de chegar
e ainda posso clamar contra as chuvas
que não cessam de descer
Mandai pois alimentos ainda, água
para beber, velas para alumiar,
remédios para proteger, roupas
para cobrir e agasalhar
pois inaudito é o vosso movimento
que parece ouvir uma só voz:
a do vosso amor por nós
Rio de Janeiro, 12 de julho de 1983
capa do livro Poemas-Estórias (ilustração de Márcia Cardeal)
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CASSANDRA
a Yvette Braga
que pena esta pletora de vida um dia acabar!
que pena esta máquina até há pouco perfeita
ter de parar
e deixar de bater meu coração inflamado!
que pena extinguir-se o pensamento no cérebro parado
e extinguir-se meu anelo de que as gentes todas
se unissem
ao ponto de a dor de um - todos também sentissem!
- Maura, tão lancetada que és,
como podes ainda asilar a utopia?
não vês que há lutas sangrentas
em tantos pontos da Terra
e a ameaça de uma total
e exterminadora guerra?
ai que pena a terra azul de Yuri Gagarin
poder tornar-se - que pena - uma flor escarlate!
- ou um mundo de sobreviventes deformados
(da ficção sombria de Aldous Huxley)
ou, pior ainda, um planeta vazio
e mais vermelho que Marte?
não! não! não haverá a trágica extinção!
a evolução das espécies não chegou ao Homem
para que o liquidassem monstros
- monstros da espécie humana
frisa bem com seus
artefatos superinfernais
dos quais os que forjaram
os holocaustos
de Hiroxima e Nagasaki
seriam apenas cartões postais
quem sou eu, em verdade, para fazer vaticínios?
mas até parece que desde a nidação eu ouço
os hinos
da vitória dos povos sobre a opressão
- e em teus vaticínios não ouves
as bombas os mísseis
as explosões atômicas
a desintegração nuclear?
não, só ouço os hinos...
ah e se antes de tudo isso -
quando a máquina que eu sou parar
ficasse ao menos um eco do meu sonho de paz
na memória dos caminhos?
- Maura, teu egocentrismo ingênuo
é ainda utopia:
de ti nada vai sobrar
e quando a máquina que tu és parar
a tua cantiga acabou
acabou a tua história
mas a esperança não acabará
e os hinos que eu escuto
vibram como os sinos da
fraterna humanidade que virá
(* poema do livro Poemas-Estórias)
fotografia de Maura de Senna Pereira (♧)
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A SÁBIA MÃO
"...pois toda mão é movida pela inteligência"
Tristão de Athayde
Quando todos trabalharem
o trabalho será uma alegria - disse alguém
Meta ou sonho - não questiono:
sonho
E nessa questão do trabalho humano
força do mundo
sobretudo me conturba
haver no trabalho hierarquia
conforme seja cerebral ou não
Por que a discriminação
se é sempre nobre o labor
seja ele qual for?
se no próprio fio que tece o artesão
é sempre a mente que lhe move a mão?
se no preparo do prato mais singelo
ao mais requintado em baixela servido
a mão que os cozeu para o filho ou o patrão
é sempre guiada pela inteligência?
se na construção de qualquer edifício
a mente tem que estar a postos sempre
ao colocar o operário tijolo sobre tijolo
ao armar o concreto a viga o bloco?
Objetarão aí que tudo se deve ao arquiteto:
à planta ao cálculo ao saber ao projeto
Mas se - para erguer a casa a rua a urbe -
não concentrasse o operário toda a força
mental na execução
e não vigiasse o corpo talvez subnutrido
para não cair do andaime, para levantar a obra
todas as plantas jazeriam no chão
(* poema do livro Cantiga de amiga)
capa do livro Cantiga de amiga (ilustrações de Márcia Cardeal)
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EVOLUÇÃO
Em que estágio - tento descobrir -
começou na espécie humana
o ato ignóbil de bater num corpo:
na idade ainda animalesca?
nas etapas do homem primitivo?
ou já na fase do ântropos
em toda a plenitude?
Seja onde surgiu o fato é que evoluiu
em requintes de crueldade o processo covarde
no qual o flagelador tem sempre como vítima
um ser inerme, atado, indefeso:
a criança o servo o pobre o preso
( * poema do livro Cantiga de amiga)
fotografia de Maura de Senna Pereira (♧)
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SALMO PARA O BEM AMADO
Imprecações não ergo e sim ditirambos
e sim aleluias
e sim hosanas
às pedras e às dores do caminho.
Onde está a harpa do rei David
onde estão as cítaras hebreias
onde está Sulamita
e onde as virgens loucas?
A todas essas cordas e bocas eu conclamo
a todas ao meu lado quero
para ajudarem a bendizer a tormenta
que me arrebatou a primavera,
as geenas que padeci,
as pedras e as dores, as lutas e as revoltas,
a bendizê-las
porque foram elas que me aproximaram de ti.
(* poema do livro Sete poemas de amor)
capa do livro Sete poemas de amor
-*-BUSCO A PALAVRA
a Ascendino Leite
Não a que vem de mitos nem de lendas
e que traz resquícios do passado
nem mesmo dos bosques frescos do porvir
em que por vezes me hei refugiado
A palavra que decerto jamais escreverei
pois a que tenho escrito - tenho rasgado
por imprecisa, inócua, ataviada
Breve ou não, quero-a brava e exata
espelhando o homem do meu tempo
Busco a palavra em que lateje o presente
a hora que o relógio marca
fim de centúria e de milênio
era superapocalíptica
Nem o transato nem o amanhã
só esta hora mesma e conflagrada
de agora
na palavra em que meu semelhante veja
a sua face
nosso tempo em meu texto
diga: está certo, irmã
(* poema do livro Busco a palavra)
QUERO AJUDAR
a Alcides Buss
Quero ajudar a construir o mundo futuro
e colocar a minha pedra
no lugar exato e na hora certa.
Quero conter a pressa de ajudar
deter os passos vãos e as mãos sôfregas
ser vigilante, compreensiva, tenaz.
Deixar no grandioso edifício a minha pedra
com a mão segura para que ela não vacile
e role nos espaços
feita escombro antes de ser coluna.
Quero deixar segura a minha pedra.
Altos frisos a revestirão
esculpidos por sábias mãos alheias
mas - pequena e anônima, direita e firme -
ela estará lá dentro ajudando.
Quero ajudar a construir o mundo futuro
- o mundo sem opressão e sem miséria -
luminoso, rasgado, justo.
Quero permanecer alerta
e colocar a minha pedra
no lugar exato e na hora certa.
(* poema do livro Busco a palavra)
fotografia de Maura de Senna Pereira (♧)
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LIBERTAÇÃO
a Teresinka Pereira
Que eu saia de mim
e corte com ânsia todos os mares
e chegue a todas as praias sem fadiga.
Que eu esteja nas grandes planícies, nas montanhas, no lodo
e no tumulto, na orla dos lagos e dos abismos.
Que eu saia de mim
e fique nos caminhos o meu hálito.
Que todos os clamores e todos os risos
e também todos os silêncios repercutam
em minha orelha
e a minha língua se torne clara e ardente como
o sol
e todos me entendam, os meninos, os pobres.
Que eu saia de mim
e com a soma das minhas libertações
e a massa de minhas vitórias sobre mim
me volte leve e humana
para as angústias e os problemas dos homens.
Que eu saia de mim
e jamais interrogue sobre o princípio, sobre o fim,
mas sempre diante do universo
meu espírito agnóstico seja um olho comovido.
Que eu saia para sempre de mim
e seja uma nova criatura
em que as coisas e os seres fiquem grudados.
Que eu não volte para mim
que para sempre me perca
da criatura salva
todos sejam impregnados.
(* poema do livro Busco a palavra)
fotografia de Maura de Senna Pereira (♧)
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POEMA DO PRÉ-RETORNO
Vento da noite, ainda é cedo!
E nem lavrei a terra agreste!
Helena Kolody
... e nem sequer plantei as campânulas vermelhas
para doá-las em festa aos que deixam as prisões!
quanto mais quanto mais as magnólias acesas
para iluminar as multidões!
e eu que vivo clamando
liberdade! liberdade! para todas as gentes
nem sequer a mim própria libertei
(que heranças são estas que vincaram estas manchas
de algemas nos pulsos
e correntes nos pés
não me deixando derrubar com os companheiros
as barreiras que impedem
a ventura/aventura
de viver?)
desatados atos, adversos gestos,
impossíveis passos, malogrados feitos
e eis a não liberta e não conspurcada
e também a mãe gorada
pois nenhuma semente germinou em meu ventre
e assim não pude legar a nenhum ser
(que talvez me levasse viva a outras eras
onde já serão verdades o que são quimeras)
e ardor de minha carne e minha mente
em verso novo como um jacinto abrindo
pudesse eu estas coisas dizer
agora que me sinto cada vez mais perto
do nada que era antes de nascer
(* poema do livro Poesia reunida e outros textos)
capa do livro Poesia reunida e outros textos
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OS ADEREÇOS
(último poema de Maura)
No meu simples ofício de cantar
tenho recebido flores em profusão
e a flor é vida
e o ofertante um irmão.
Alguns poucos preferem mandar-me
pedras malignas
que eu nunca cheguei a ver
pois não atingem o alvo
e se estilhaçam no chão.
Mas há que falar também nos silêncios
que o silêncio é nada
porém eis que agradeço
pois cada um deles deixa em meu peito
um inexistente adereço
inexistente
mas que eu vou usando
para me acostumar.
(* poema do livro Poesia reunida e outros textos)
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• Uma breve biografia:
fotografia de Maura de Senna Pereira (♧)
MAURA DE SENNA PEREIRA, professora, jornalista, cronista e poeta, nasceu em 10 de março de 1904, em Florianópolis/SC, e faleceu em 21 de janeiro de 1992, no Rio de Janeiro/RJ, aos 87 anos.
Conforme anotou a jornalista Andressa Braun, em artigo de 2004, "uma mulher à frente do seu tempo, assim foi Maura de Senna Pereira. Ela nasceu em março de 1904, aprendeu a ler antes mesmo de frequentar a escola; e aos 19 anos, com a morte do pai e de um de seus irmãos, teve que trabalhar para sustentar a família de 10 pessoas. Foi nesse momento que Maura assumiu sua primeira profissão, a de professora. Mas essa ocupação seria apenas para garantir a renda da família porque desde o primeiro artigo para 'O Elegante', Maura não deixaria mais de escrever" (2).
Maura foi publicada pela primeira vez em 1923, sob o pseudônimo de Alba Lygia, através de um desafio lançado às mulheres pelo redator de um dos jornais mais importantes da capital catarinense, José Acrísio, em O Elegante, de acordo com o trabalho de pesquisa feito por Nelson Valente, intitulado "Maura de Senna Pereira, uma mulher que revolucionou o seu tempo" (3).
Algum tempo depois, seu verdadeiro nome foi descoberto, quando então passou a ser conhecida no Estado e, em 31 de março de 1925, Maura escreveu aquele que seria posteriormente considerado o primeiro artigo feminista publicado em Santa Catarina, no mesmo jornal, intitulado Volvamos nossas vistas para o porvir, e que viria a ser parte de uma série publicada na seção Feminismo, pela qual a escritora passou a ser responsável. Em seu artigo, Andressa Braun registrou as palavras de Maura: “Nesses últimos tempos, com especialidade, muito se há pregado uma profissão para a mulher. Que ela se não dedique exclusivamente à aprendizagem de encargos domésticos e prendas essencialmente feminis. E o que é mais: que não viva unicamente a cuidar de si, para aparecer bem, bem mascarada, à força de rouge, carmin e crayon, vivendo a vida material das futilidades e do coquetismo, das mentiras de salão, cuidando das modas e de flirt, em busca do marido rico, de invejável posição social, a quem levianamente entregará o coração e a vida, sem a menor reflexão, quase sempre sem amor, e que lhe assegurará a mesma existência cômoda e chic (…)” (2).
Maura tornou-se a primeira jornalista mulher do Estado de Santa Catarina. Sua participação mais duradoura na imprensa de Florianópolis da época foi no jornal República, onde escreveu durante sete anos. Ainda, no mesmo artigo, Andressa Braun anotou: "Em maio de 1931, seu nome apareceria no expediente do jornal entre os principais redatores. A partir de então, Maura tornou-se responsável pela página “Domingo Literário”, publicada semanalmente. Na seção, seu nome figura como diretora geral, sempre no topo da página, emoldurada e decorada. Em um período em que a comunicação entre Florianópolis e os outros centros culturais é escassa, Maura traz para a capital catarinense poemas e artigos de autores de outros estados brasileiros, e até mesmo, de fora do país" (2).
Em 1931, aos 27 anos, Maura casou-se com Dorval Lamote e, em 1933 foi morar em Porto Alegre/RS com o marido. O casamento, no entanto, não durou muito: em 1940 separou-se do marido e, em 1941 retornou a Florianópolis/SC. No mesmo ano Maura decidou mudar-se para o Rio de Janeiro, onde passou a atuar profissionalmente na imprensa, trabalhando em diversos jornais, entre eles, no jornal Gazeta de Notícias. Em 1942 conheceu pessoalmente o poeta e humanista mineiro José Coelho de Almeida Cousin, com quem já tinha contato literário por meio de publicações no jornal República, passando então a viver com ele. A partir de então, Maura tornou-se novamente uma mulher pioneira, ao abordar o aspecto sexual das mulheres em seus textos. Tornou-se conhecida por diversos escritores do Rio de Janeiro e do país, fazendo amizades e trocando correspondências com vários deles, inclusive Cecília Meireles, Henriqueta Lisboa, Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado e Zélia Gattai.
Carlos Drummond de Andrade avaliou sua poesia como de "alta meditação existencial". Jorge Amado classificou seus versos como "densos e fortes". Lauro Junkes escreveu que "a maior contribuição da escritora foi conseguir a projeção da mulher em uma atividade predominantemente masculina". Na sua opinião, "Maura foi uma mulher de espírito avançado em tudo" (3).
Também registrou Lelia Pereira Nunes, escritora e membro da Academia Catarinense de Letras, em 21.03.2020: "num tempo em que a mulher brasileira lutava por seus direitos, por ser voz e se fazer ouvir, num Estado conservador como Santa Catarina e uma sociedade insular fechada como Florianópolis, a Academia Catarinense de Letras, então presidida por José Boiteux, abriu suas portas para receber Maura de Senna Pereira (1904-1992), jornalista, professora e poeta, na Cadeira 38, com apenas 26 anos de idade, considerada a maior expressão feminina da poesia catarinense. Talento reconhecido, brilhante jornalista, mulher destemida e corajosa, rompeu as barreiras conservadoras da sociedade da época. Dona de uma personalidade forte, inquieta, guerreira, Maura de Senna Pereira, a primeira mulher na Academia Catarinense de Letras - "a minha vaidade tímida de ser a primeira mulher que vem sonhar convosco o deslumbramento do vosso sonho." Pioneira na América Latina e a primeira mulher no Brasil a tomar posse numa Academia de Letras (meio século depois Rachel de Queiroz entrava na ABL, a Casa de Machado de Assis). (...) A presença da mulher na Academia Catarinense de Letras é ainda pequena se considerarmos que nestes 100 anos ingressaram na ACL 160 homens e apenas 8 mulheres. O espaço feminino na ACL foi conquistado por uma mulher de fibra, Maura de Senna Pereira, há 94 anos, que soube ser voz altaneira no seu tempo. A porta continua aberta..." (4).
Em 1960, o Estado de Santa Catarina nomeia a escola no município de Pinheiro Preto de Professora Maura de Senna Pereira, como reconhecimento à sua atuação no magistério catarinense, no jornalismo e na literatura.
Em 1972, Maura se aposenta como jornalista profissional.
Maura defendeu incessantemente o direito das mulheres ocuparem novos espaços na sociedade, para que não ficassem restritas à esfera do lar, também lutou pelo direito ao divórcio e ao voto feminino. Seu pensamento era claro: para ela, somente pela educação as mulheres conseguiriam ficar em posição de igualdade com os homens. Além da defesa das causas feministas, Maura também prenunciou uma consciência ecológica que somente surgiu nas últimas décadas do século passado (2).
Em 11 de março de 1991 Maura despediu-se de seu grande amor, Almeida Cousin e, quase um ano depois, em 21 de janeiro de 1992, partiu do mundo ao seu encontro.
fotografia de Maura de Senna Pereira (♧)
"Meus poemas nascem quando um pensamento quer ser canto. Eu tenho de ter algo para dizer e, se a palavra não estivesse tão desacreditada, eu diria: mensagem. Meu processo de criação é totalmente mental.
O pensamento me persegue e
o canto se forja na mente. Quando ele aparece escrito, já estava pronto. Não há propriamente momento especial. Há períodos de explosão, outros de esterilidade. E há os cadernos e cadernos perdidos, já que só existiram no meu cérebro..." (5)
• Meu convívio com Maura de Senna Pereira
(por Nic Cardeal)
Meu primeiro contato com a poesia de Maura de Senna Pereira foi através do jornal Cogumelo Atômico, lançado em 1974 em minha cidade natal, Brusque/SC. Era um jornal da imprensa alternativa dos anos 70, impresso em mimeógrafo a álcool, criado e editado pelos amigos Celso Luís Teixeira, Almir S. Feller e Aloísio Buss (cujo primeiro número circulou em fevereiro de 1974, em um total de 30 edições em 3 anos de existência). Maura tomou conhecimento da existência do jornal e começou a contribuir com textos e poemas. Alguns anos depois, passei a trocar correspondências com Maura, o que também foi feito por minhas irmãs Márcia e Ana. No início de 1981 mudei para Florianópolis/SC, onde fiz curso pré-vestibular durante um ano, período em que nossa correspondência foi muito intensa.
cartão postal recebido de Maura, 25/02/1981
carta recebida de Maura, 20/03/1981 (frente)
carta recebida de Maura, 20/03/1981 (verso)
carta recebida de Maura, 09/06/1981 (frente)
carta recebida de Maura, 1981
Em outubro de 1981, escrevi este poema para Maura (sem título):
De repente
mágico instante
surgiu aquela estrela
tão forte
tão viva
de repente.
Nossos voos inconstantes
alçaram mais que de repente
rumo ao norte, sempre norte
a aterrisagem foi leve,
mansa como o vento primaveril,
colorida como a melhor das estações.
E encontramos o melhor dos pousos.
Teu coração.
De repente.
Qual um sonho
ou uma realidade diferente
nós descobrimos
e semeamos
a colheita tem sido linda!
A colheita tem sido fértil!
De repente!
De repente
magnífico instante
surgiu aquela estrela
tão forte
tão viva
eternamente!
(Nic Cardeal, em 23.10.1981, Florianópolis/SC - para Maura de Senna Pereira)
No início de 1982, aos 19 anos, mudei para o Rio para estudar Astronomia na UFRJ, indo morar no Alojamento de Estudantes da Ilha do Fundão. Assim, durante os anos de 1982 e 1983, período em que permaneci no Rio, continuamos a nos corresponder e, além disso, também tive a maravilhosa oportunidade de conhecê-la pessoalmente, pois passei a acompanhar minha irmã imediatamente mais velha, Márcia Cardeal (que já estudava Comunicação Visual na UFRJ e morava no mesmo Alojamento de Estudantes desde 1978), em frequentes visitas à Maura e seu marido, José Coelho de Almeida Cousin, a quem chamávamos carinhosamente de Paizola. Nessa época, Márcia já havia visitado Maura algumas vezes, tendo, inclusive, ilustrado capas para dois de seus livros: Poemas-Estórias, publicado em 1980 e Cantiga de amiga, em 1981 (mais tarde, também ilustrou a capa do livro Busco a palavra, publicado em 1985).
O casal costumava levar-nos para almoçar no restaurante do Leblon próximo à sua casa, o Real Astória, seu lugar favorito. Após o almoço, era comum seguirmos com eles até seu apartamento na Rua Jerônimo Monteiro, 216. Tínhamos especial amizade, amor e carinho por ambos e, muito embora fôssemos ainda muito jovens diante de um casal naquela ocasião já considerado idoso (em 1982, Maura estava com seus 78 anos e Paizola, com 85), sentíamos que nos dedicavam afeição verdadeiramente materna e paterna e, como éramos jovens apaixonadas por literatura, arte, poesia, penso que a questão temporal das idades em nada afetava nossa amizade. Nós, "as irmãs-pássaro", como Maura costumava nos chamar, tivemos a alegria de desfrutar de momentos incríveis com um casal profundamente apaixonado! O pequeno apartamento da Jerônimo Monteiro foi a 'testemunha' mais fiel e constante desse amor único: a sala era um lugarzinho especialmente acolhedor, rodeado de plantas e livros, plantas e livros, plantas e livros e, entre eles - as plantas e os livros! - o amor dos dois perpetuando-se pelas paredes, corredor e demais cômodos, em palavras, poemas, olhares iluminados, pensativos, sorrisos e alegria contagiante!
No final de 1983, aos 20 anos, mudei para Curitiba/PR, onde continuei a me corresponder com Maura durante os anos seguintes. Em meados de 1983, minha irmã Ana também foi morar no Rio, lá residindo até final de 1984 e, assim como eu e Márcia, passou a visitar regularmente Maura e Paizola. Portanto, nossa troca de correspondências prosseguiu durante vários anos, até sua morte (em 21 de janeiro de 1992).
As poucas cartas e cartões postais recebidos de Maura que sobreviveram às minhas diversas mudanças de cidade, nesses 33 anos que transcorreram desde sua partida, seguem comigo até hoje, pois representam o registro material de um profundo sentimento que uniu para sempre minhas irmãs e eu ao casal Maura & Paizola e, com certeza, seguirá conosco por toda a vida! Creio que Maura representou muito bem esse sentimento no poema intitulado Revoada, dedicado "aos meus pássaros", em seu livro Cantiga de amiga:
REVOADA
aos meus pássaros
Menina
como sem de mim teres saído
tanto saíste a mim?
Não tens sequer o meu sangue
não te aninhei em meus braços
não te dei bem-querer
não te dei lição de vida
nem sequer te vi crescer
- e, crescida, me buscaste
com teus versos e teus laços
pelas tuas ruas nuas
me buscaste e eu te achei
Menina
não és a única:
outros chegaram também
da mesma fonte nascidos
São todos poetas - e cantam
todos são bravos - e lutam
(nunca mais vou lamentar
ter sido estéril meu útero)
Pássaros amanhecendo
ainda na escura noite
com eles vou continuar
verão por mim o sol nascer
Eles que se dizem meus irmãos
pois se as estações pesam muito
os elos fortes pesam mais
quando as senhas quando as asas
e as consignas são iguais
(* poema do livro Cantiga de amiga)
Maura também dedicou o seguinte poema à minha irmã Márcia Cardeal:
CANTO SUFOCADO
a Márcia Cardeal
Eu poderia escrever hoje um poema tumultuoso:
emanado dos meus sentidos
rescendendo a raízes e musgos
lembrando resinas e brotos
águas de rio e brilho de sol
Mas quando eu voltava hoje para casa
depois de um banho narciso
à beira das pedras e das areias possuídas pelo
sol da manhã
trazendo bagas do rio a brilhar nos anéis dos cabelos
descalça como outrora vovó cunhã
quando eu voltava
pronta para aclamar o dia a terra e a vida
encontrei aquele rebento mirrado da raça dos párias:
aquela pequena criatura humana sem beleza
e sem amor
apagada e faminta
No meu poema de hoje correria decerto
a mais viva alegria de viver
animal e psíquica
mas encontrei no caminho a fraqueza a miséria
e a dor
Onde está agora o gosto de cantar
meu canto panteísta minha volúpia sã
o gosto que eu trazia nos lábios e nos dedos
esta manhã?
(* poema do livro Busco a palavra)
E, este poema, inédito, Maura escreveu à minha irmã Ana Diná Cardeal:
BALADA PARA ANA DINAH
a Ana Diná Cardeal
Padeirinha logo cedo
inicia o seu labor:
seus passos leves a levam
para junto do fogão
Tem cultura e tem talento
mas só no ofício do momento
encontrou o ganha-pão
À noite ela escreve muito
em prosa tersa e em verbo lindo
Depois olha as estrelas no céu
e como é também artista
desenha estrelas no papel
com a mesma mão bem dotada
que logo mais fará pão
O forno é ser contraditório
tem magias: assa aves e manjares
assa os pães que ela amassa -
simples, de milho, com passas
mas também é sádico vilão
deixando nos brancos braços dela
marcas bem da cor do pão
Padeirinha, que tem cursos,
subirá um dia a outras esferas
mas lembrará sempre com orgulho
seus dias jovens (e maduros)
de ser humano valente
em que amassou pão
nutriu gente
(* poema inédito, manuscrito por Maura)
original do poema dedicado a Ana D. Cardeal - p. 1
original do poema dedicado a Ana D. Cardeal - p. 2
Dias após a morte de nossa amada Maura, escrevi este poema em sua homenagem:
ELEGIA A MAURA
a Maura de Senna Pereira
Maura dos sonhos azuis
das canções encantadas de outras eras
do pensamento distante
da poesia madura
percorreste o planeta
esmerando a palavra
tua estrela-guia
semeaste a ternura, o verbo livre
doce magia
resistindo à passagem do tempo
à linguagem de todos os espaços
soubeste edificar o mundo
colocando cada pedra
"no lugar exato e na hora certa"!
Maura amiga 'dos pássaros'
hoje também voas alto
por certo navegas teus sonhos
nesta imensidão azul
e com as estrelas fazes teu ninho
junto ao teu amor
que partiu sozinho
abrindo caminho
para aguardar teus passos!
Maura do sorriso constante
hoje a saudade crescente
bate em meu peito
mas a esperança é o alento
de que te sentes à beira do mundo
à porta da vida
com teu verdadeiro e único menino
semeando entre as constelações e nebulosas
a poesia para alegrar aos anjos
e fazer sorrir todas as fadas!
Por isso, ao olhar o céu
vejo minh'alma a sorrir de encanto
vejo-te com Paizola
na alegria
e no mesmo amor de outrora
de mãos dadas
à espera de reencontrar por certo
'teus queridos pássaros'
perdidos por esta Terra
de Deus e de ninguém!
(* Nic Cardeal - em 29.01.1992, para Maura de Senna Pereira)
original do poema dedicado a Maura de Senna Pereira - p. 1
• Livros de Maura de Senna Pereira:
1. Cântaro de ternura (poemas em prosa, capa de Correia Dias (marido de Cecília Meireles), Florianópolis/SC: Livraria Moderna, 1931);
2. Discursos (prosa, Porto Alegre/RS: edição da autora, 1940);
3. Poemas do meio-dia (poesia, ilustrações de Quirino Campofiorito, Rio de Janeiro/RJ: Ed. V. P. Brumlick, 1949);
4. O parto sem dor (reportagens ilustradas de fotos, Rio de Janeiro/RJ: Editora Simões, 1956);
5. Círculo sexto (poesia, ilustrações de Quirino Campofiorito, Rio de Janeiro/RJ: Editora Simões, 1959);
6. País de Rosamor (poesia, vinhetas de H. Mund Jr, Florianópolis/SC: Editora Livro de Arte, 1962; considerado pelos críticos como "uma de suas principais obras e representa uma síntese do pensamento da escritora. Nele, Maura propõe um novo mundo, de uma sociedade igualitária, socialmente justa e em harmonia com a natureza"; conforme anotou Andressa Braun(2));
7. Nós e o mundo (crônicas, resenhas e artigos, capa de Ely Braga, Rio de Janeiro/RJ: Livraria São José, 1976);
8. A dríade e os dardos (poesia, Rio de Janeiro/RJ: Livraria São José, 1978);
9. Despoemas (poesia, ilustrações de Ely Braga, Rio de Janeiro/RJ: Edições Achiamé, 1980);
10. Poemas-estórias (misto de poesia, conto, fábula narrativa e fábula poética; capa de Márcia Cardeal, Rio de Janeiro/RJ: Edições Achiamé, 1980);
11. Cantiga de amiga (poesia, capa e ilustrações de Márcia Cardeal, Rio de Janeiro/RJ: Edições Achiamé, 1981; traduzido para o inglês em número inteiro da revista International Poetry, editada por Teresinka Pereira, Colorado, USA);
12. Verbo solto (palestras ilustradas de fotos, Rio de Janeiro/RJ: Kosmos Editora, 1982);
13. Sete poemas de amor (poemas selecionados, Florianópolis/SC: Edições Sanfona, 1985);
14. Busco a palavra (antologia definitiva, capa de Márcia Cardeal, ilustrações de Quirino Campofiorito, Fundação Catarinense de Cultura, 1985);
15. Andarilha da madrugada (inédito, 1991);
16. Poesia reunida e outros textos (poesia e prosa, entrevistas, Florianópolis/SC: Academia Catarinense de Letras, 2004).
Referências:
(1) frase de Maura de Senna Pereira, extraída de entrevista concedida ao jornal "A Ponte" (Florianópolis, 3a. semana de março de 1980);
(2) textos extraídos do artigo de 2004, produzido por Andressa Braun, jornalista, para a disciplina de História do Jornalismo, do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, sob a coordenação da Professora Dra. Marialva Barbosa (UFF); publicado no site "Portal Catarinas", de 24.08.2016 (https://catarinas.info);
(3) textos extraídos do trabalho de Nelson Valente, publicado pelo jornalista Gilberto Vieira de Sousa em seu site "GibaNet.com", em 08.09.2010;
(4) textos extraídos do artigo de Lelia Pereira Nunes, escritora e membro da Academia Catarinense de Letras, publicado em 21.03.2020 no "ND Mais - Portal de Notícias do grupo ND" (Notícias do Dia, jornal de Florianópolis/SC) (ndmais.com.br);
(5) frase de Maura de Senna Pereira, extraída de entrevista concedida a Miguel Jorge, ao Suplemento Cultural de O Popular, Goiânia/GO, 31.12.1978, publicada no livro Poesia reunida e outros textos;
(♧) fotografias extraídas da Dissertação do Curso de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Catarina, "Maura em Flor Uma Fotobiografia", de Reginalda Eli Kalckmann, Orientadora Professora Doutora Zahidé Lupinacci Muzart, 28.09.2007, Florianópolis/SC.
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