A poesia magistral&impecável de Águeda Magalhães
Luz a meio-tom a Cecília Meireles Impossível Ver o vinho evaporando na fina taça e não sentir a saudade latente de todos os goles que deixei escapar acreditando que o manancial era eterno. engano pueril o líquido escoa... a marca teimosamente vai declinando. mais da metade já se foi. À semelhança dos poentes, sou luz a meio-tom. recolho-me como o sol que se entrega exaurido à noite irremissível Fica o gosto amargo das renúncias... A nostalgia das estrelas que entoam despedidas. Impossível retomar o ontem que não vicejou e hoje habita o abismo intransponível do “ tarde demais.” Choro pelo que deixei escorrer a céu aberto. pela manhã que deixei escapar sem sorver a beleza de seus cânticos molhados de sol. Hoje tardia quero beber, lentamente, cada fio ralo que escorre pelas bordas do cálice. são lágrimas esparsas :choram pelos meus desencontros, pelos meus desencantos. no percurso do agora escoltam-me lembranças gastas pistas de saudades que ressoam vozes e infinitude. fr