Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Águeda Magalães

A poesia magistral&impecável de Águeda Magalhães

Imagem
Luz a meio-tom                a Cecília Meireles Impossível Ver o vinho evaporando na fina taça e não sentir a saudade latente de todos os goles que deixei escapar acreditando que o manancial era eterno. engano pueril o líquido escoa... a marca teimosamente vai declinando. mais da metade já se foi. À semelhança dos poentes, sou luz a meio-tom. recolho-me como o sol que se entrega exaurido à noite irremissível Fica o gosto amargo das renúncias... A nostalgia das estrelas que entoam despedidas. Impossível retomar o ontem que não vicejou e hoje habita o abismo intransponível do “ tarde demais.” Choro pelo que deixei escorrer a céu aberto. pela manhã que deixei escapar sem sorver a beleza de seus cânticos molhados de sol. Hoje tardia quero beber, lentamente, cada fio ralo que escorre pelas bordas do cálice. são lágrimas esparsas :choram pelos meus desencontros, pelos meus desencantos. no percurso do agora escoltam-me lembranças gastas pistas de saudades que ressoam vozes e infinitude. fr

A Poesia Refinada de Águeda Magalhães

Imagem
Redenção Recostei-me preguiçosamente na luz da manhã. Filetes de sol aqueciam o não que se antecipou -vida inteira- ao riso contido do sim. Desvesti-me do medo vesti-me ousadia: Vendaval varri fantasmas, Voragem desfolhei anseios. No ar pintei a dança das folhas exímias acrobatas a exibirem em frenéticos volteios o último balé do outono revoada de cores que se dispersa no abismo de todos os ventos. Alimentei flores famintas aves desgarradas. Em catres empoeirados encontrei gritos silentes: dormiam entediados dos dias sem cânticos; queriam entoar tempestades. Acordei-os um a um. Ouvi os ecos de um imenso riso triste a reverberar desencantos. Desenfileirei exércitos de palavras reprimidas paralisadas em filas indianas. Quebrei a vitrine libertei a pálida manequim há tanto tempo imóvel... Enxuguei sua face branca sulcada por lágrimas de cera. Acendi seus olhos vítreos,