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O verso do avesso | Marilia Kubota

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MOSAICO Coluna 13    –  Crônica O verso do avesso  por Marília Kubota Sempre que chegava a data da comemoração da imigração dos japoneses ao Brasil, me pediam, quando eu trabalhava como jornalista, indicações para falar com fontes na comunidade de brasileiros asiáticos. As entrevistas seriam de pessoas que pudessem dar depoimento sobre os tímidos, honestos e diligentes japoneses, trajando quimono, comendo feijoada com "palitinhos"  —    que às vezes as mulheres também usavam como grampo para prender os cabelos  —   e contando piadas falando "errrado". Durante anos fui assessora de imprensa do Nikkei Clube de Curitiba e trabalhei para jornais étnicos. Por isto, eu era uma referência no assunto para os colegas jornalistas. Depois do centenário da imigração, acabei me envolvendo mais com literatura e a academia. Deixe para trás este passado. Colegas jornalistas ainda me procuravam como fonte. Alguns, já professores de cursos de jornalismo, me indicavam par

Pensar linguagens | Marilia Kubota

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MOSAICO Coluna 11    –  Crônica Pensar linguagens por Marília Kubota Pensar sobre leituras. Ler, reler, pensar sobre o lido. Pensar sobre escritos que descolam do imediato. A tentação de escrever sobre o imediato é grande. Há um grande público ávido por consumir o que se desloca diariamente. Este público se alimenta de sensações.  As sensações apelam à percepção emotiva. Os sentimentos aguçados pelo escrito sensacional são os afetos negativos: medo, raiva, aversão, que pedem reação e extroversão. A leitura, reflexiva, é um estímulo à introversão. Difícil é o momento de parar, recusar o imediato. O imediato não é agora. Agora é estar presente.  Agora é reverência: à leitura (pausa para a imersão e desconexão com os ruídos de comunicação /ondas de entretenimento), contemplação do sagrado que é a existênc comunhão com tudo que está fora e dentro. Agora é a sucessão de ontens: o presente não existe, tudo é passado. O imediato apela ao eu. O agora vê o outro. O eu nã