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CINCO POEMAS DE ANA MARIA OLIVEIRA

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  fotografia da autora por José Lorvão AUSÊNCIA Borbulham portais de luz e movimento Na casa que foi lar na eternidade das galáxias Sons que sustentam um passado Vibrações que fixam à terra o abraço das árvores Colhendo os figos de mel sem contratempo Agora transponho a sombra e o pó O chão levantado as paredes esburacadas ruidosas Enferrujada e decrépita canalização Obras adiadas e dolorosas Um quintal feito de entulho Como um quadro pintado  Anunciador da morte e destruição Saio e acelero pelas ruas estreitas De um bairro em que habitam fantasmas Outrora feito de brincadeiras e entusiasmos Na subida às oliveiras generosas Crianças dançando sob os ramos admirando sustentações Na gritaria agitada num salpico de ilusões Hoje o tempo é impiedoso na prisão em forma de furna E num ápice entre inspirar e expirar Os órgãos cansados anseiam fechar-se sobre si mesmos Comunicam os espectros na vertigem pelo cosmos Mas assola-me sem controlo uma crise de choro e pesar Enquanto as cinzas permanec