A poesia crua e dolorida de Arlene Lopes - cinco poemas
Carmen Luna OJERIZA sou feita da mistura de amor e tormentos um deus ressentido e arbitrário me criou defenestrou minha infância tirou a terra e me deu covas rasas onde plantei adultos e crianças gente alegre e gente magoada quando cheguei na metade do caminho desembrulhei a vida e encontrei uma pedra com resquícios de memórias impregnadas deus impassível e isento nem viu quando usei um bisturi e arranquei de mim o distúrbio das células arruinadas das vezes que a vida desmoronou deus que está em toda parte não estava na parte em que eu estava talvez estivesse ocupado abraçando outros mundos tentando acabar com as guerras religiosas ou ajudando algum pobre magnata. Carmen Luna INSÔNIA Os sonhos que tive foram abandonados em alguma cidade onde vivi depois veio a insônia Carmen Luna DREAM sem nenhuma moeda aqueles olhos frios e imóveis pareciam mirar a balsa de Caronte, eu,