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UM TRECHO DE INCRÍVEL ROMANCE DE HENRIETTE EFFENBERGER | QUASE NADA DE AZUL SOBRE OS OLHOS

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  fotografia do arquivo pessoal da autora   Hoje é dia de homenagear a grande escritora HENRIETTE EFFENBERGER , com o primeiro capítulo de seu romance  Quase nada de azul sobre os olhos :  Capítulo 1 Não fosse pela repercussão que o ato poderia causar, bateria as solas dos sapatos, uma na outra, para não levar consigo nem mesmo a poeira desse lugar. Mas repetir Carlota Joaquin, quase duzentos depois, não era uma opção. Tudo que ela não precisava naquele momento era chamar a atenção das pessoas sobre si. Só lamentava é que não estaria presente para ver as reações daqueles que tripudiaram sobre os seus sentimentos. Quando desceu as escadas, o barulho dos saltos altos que ressoou pelos degraus de madeira foram os últimos sons de sua presença naquele local. Abriu a porta que levava à rua e também a trancou atrás de si, do mesmo modo como faria um pouco mais adiante com o portãozinho de ferro de grades torneadas à maneira antiga, presos por duas muretas, típicos das casas da década de 1950.

UM CONTO DE HENRIETTE EFFENBERGER | Projeto 8M

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(fotografia do arquivo pessoal da autora) 8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) Hoje é dia de 'viajar' neste incrível conto da escritora  Henriette Effenberger : AÇÚCAR E CRAVO-DA-ÍNDIA   (Henriette Effenberger) "A moranga é conhecida cientificamente como Cucúrbita máxima, Duschene, Dicotyledonae, Cucurbitácea. Originária da América do Sul, a abóbora-moranga já era produzida por civilizações pré-colombianas. Planta rasteira com folhas arredondadas verdes, sem manchas; o pedúnculo do fruto é esponjoso, cilíndrico e não se abre ao atingir o fruto. As folhas são semelhantes às da abóbora rasteira [...]. Fruto com casca alaranjada e polpa

As fissuras do mal | Marilia Kubota

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MOSAICO Coluna 04    –  Resenha As fissuras do mal  por Marília Kubota O dicionário registra dois significados para a palavra fissura. Uma formal, que significa  pequena abertura longitudinal, fenda, rachadura ou sulco, e outra informal:  apego extremo, forte inclinação, loucura, paixão. Os personagens dos contos de livro "Fissuras", de Henriette Effenberger (Penalux, 2018) trazem estas rachaduras. São párias, indivíduos que habitam as margens da sociedade: trabalhadores de classe social  inferior, mulheres que sofrem violência doméstica, jovens delinquentes, idosos, religiosos. O eixo comum a todos eles é  o sentimento de solidão.   Henriette narra com destreza, revelando domínio da linguagem. Com enredos despretensiosos,  envolve a leitora ou o leitor em uma tessitura viva, de modo a surpreender no final. O fecho dos contos acaba sendo o ponto forte das histórias. As rachaduras sociais irrompem nas frestas, revelando um conflito entre o Bem e o Mal. Neste emb

Um Conto forte e terno - por Henriette Effenberger

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Aquarela - Luciane Valença “Rola-me na cabeça o cérebro oco. Porventura, meu Deus, estarei louco ?”.   Augusto dos Anjos Louquinha - Lelé por Henriette Effenberger Diagnóstico fácil: Psicose por drogas. Camisa de força química para substituir a tradicional; a ambulância deslizando pelas avenidas; os portões abrindo-se após a identificação, o quarto frio, as grades, o abandono... Abandono tão seu conhecido que já nem se importava com ele. Era íntima também da solidão, do desprezo, da indiferença. Conhecia-os desde que nascera: do barraco onde viveu com a mãe embriagada, das ruas onde se abrigou das surras que levava em casa e dos orfanatos e instituições para menores carentes e infratores, os quais frequentou com assiduidade e rebeldia. Refugiava-se daqueles sentimentos na cola, esmaltes e solventes. Mais velha, descobriu o álcool e o crack. Ao mesmo tempo iniciou-se nos pequenos furtos e na prostituição, onde também aprendeu a defender-se com estiletes

Um conto - por Henriette Effenberger

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Imagem: Arte de Luciane Valença A velha da sacola Todas as segundas-feiras o ritual se repetia. Saía de casa por volta das dez da manhã, carregando aquela cesta de lona listrada que tinha ido à feira por décadas, e seguia, dirigindo o próprio carro, em direção à periferia, onde escolhia, ao acaso, uma família que recebia o presente. Na cesta, um tabuleiro com lasanha ao molho branco, uma peça de lagarto ao molho madeira, uma cumbuca de salada mista com molho de maionese. Separada, em um saquinho desses de supermercado, outra vasilha continha pudim de leite condensado. Na primeira vez, a chegada da velha senhora oferecendo comida surpreendeu os moradores daquele bairro pobre. Na semana seguinte, quando estacionou o carro debaixo da amoreira, as crianças da família presenteada anteriormente já chegaram mais perto do automóvel, sorrindo e tentando descobrir o que havia na sacola. A mulher não correspondeu aos sorrisos, passou por elas e ofereceu o conteúdo a uma moça