Prosa Poética | Sinônimo de Resistência, por Jeane Tertuliano
|Coluna 13| Eu escrevo como quem ama: mergulho de corpo e alma nas entranhas da poesia. O amor diz muito sobre o ofício de uma poeta, pois não é por dinheiro que produzo a minha arte, mas sim pelo que sinto quando versejo com o coração. Beirando o meu sexto livro, escrevo com mais afinco. A vida parece enfim ter sentido, e isso significa tudo para mim. Ser mulher é um ato de coragem. Ser uma mulher que produz literatura às vistas de uma iminente ditadura, é uma proeza que por si só faz implodir a medonha estrutura da sociedade machista, golpista e tirana. Eu sei que divago demais, mas ser poeta é isso mesmo: é traduzir tudo que me fere a alma o tempo inteiro. Não sei viver se o sentido preestabelecido for ser feliz num padrão contido pelos vãos que ecoam nos lares do mundo infindo. Mulheres não se calam quando têm razão e sonhos. Os opressores podem até espernear, mas se a própria ciência aponta que somos a maioria, não há sentido algum em negar a soberania da nossa existência. Escreve