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A POESIA DE JEANNE ARAÚJO | Projeto 8M

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fotografia do arquivo pessoal da autora   8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) Aprecie a poesia incrível de JEANNE ARAÚJO : 1)  A CIGANA  A cigana leu a minha mão: és irmã das coisas que fogem, estás aqui e lá separada ao meio pelo fio da metade. Espera, espera que o tempo cura e há de lhe fazer estrela. Deixa brilhar a centelha que a impulsiona à fogueira, onde fogo e palavra ardem juntos onde palha e poeira são esteira. Onde mãos são sempre preces e o olhar é chamamento. Espera, espera que o tempo cura E o que é eterno É um só momento. (* poema do livro Monte de Vênus , pág. 21) -*- capa do livro Monte de Vênus   2) RELICÁRIO  Renascida de dores

Resenha 'afetiva' do livro de poesia CICUTA E CILÍCIO, de Jeanne Araújo

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(capa do livro CICUTA E CILÍCIO ) O AMOR SAGRADO E PROFANO NA POESIA DE CICUTA E CILÍCIO  (por Nic Cardeal) Em seu novo livro  CICUTA E CILÍCIO (Penalux, 2021),  JEANNE ARAÚJO  transforma em poesia contemporânea toda a paixão e o amor revelados na obra clássica  As Cartas Portuguesas , por Mariana Vaz Alcoforado (freira portuguesa e escritora), e dirigidos ao Marquês Noel Bouton de Chamilly, Conde de Saint-Léger e oficial francês. O ‘eu lírico' de Mariana é desenhado na poética de Jeanne, que descreve lindamente o vendaval de sentimentos - às vezes brisa, às vezes tempestade - que tomou conta de Mariana, ao viver esse amor e posteriormente ser abandonada pelo amado. Tanto o amor profano quanto o sagrado, ambos se misturam nos versos de Jeanne, trazendo roupagem nova e atual para o amor proibido retratado nas clássicas cartas. A personagem tem urgência de falar sobre o amor que marcou - feito tatuagem, corte, fagulha, fantasia - a sua pele, a sua alma, a sua memória. Em todos os

Divina Leitura | A palavra vencendo a clausura: uma leitura de "Cicuta e cilício" de Jeanne Araújo

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  Coluna 15 A palavra vencendo a clausura: uma leitura de Cicuta e cilício de Jeanne Araújo - por Divanize Carbonieri Cicuta e cilício  (Penalux, 2021) de Jeanne Araújo é um contínuo monólogo amoroso, monólogo que se queria diálogo, mas que, sem encontrar as respostas desejadas, retorna ciclicamente para sua emissora. A voz poética que ecoa nesses poemas ressoa a de Mariana Alcoforado, freira a quem são atribuídas as Cartas portuguesas , publicadas inicialmente em 1669. Nessas cartas, um eu feminino se dirige ao amado distante, ora com esperanças de voltar a vê-lo, ora convencido da irreversibilidade do abandono. O livro de Araújo apresenta a mesma dualidade. O êxtase amoroso se confunde com o desamparo, dois sentimentos que causam uma sensação constante de delírio ou frenesi na subjetividade que ali se expressa. A continuidade já mencionada se refere à presença constante da mesma voz, que, de poema em poema, expõe seu drama interno ao mesmo tempo em que tenta uma interação com o ob

Um conto - por Jeanne Araújo

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Segall Das dores do mundo Natal chegou e ele sabia que não havia nada que comemorar. Tivesse um pouco de carne no prato na ceia já era presente dos mais caros. Olhou pro cinza do sertão e pensou em pedir a mãe um caderninho e um lápis de presente. Agora que tinha aprendido a fazer o seu nome queria escrever histórias. Logo que o sol levantou o pai o mandou pro campo, pastorear a plantação de arroz pros passarinhos não comerem. Passou o dia a correr de um lado pro outro, enxotando os pássaros enquanto o suor escorria no rosto e as lágrimas nos olhos. Queria outra vida, necessitava de outra vida. Sabia que a saída era aprender a ler e a escrever. A garganta seca, os olhos ardendo, a cabeça tentando encontrar uma saída. Olhou para a vazante e para a plantação de melancias ali do lado. Uma sede terrível. Teve ímpetos de abrir uma fruta, vermelha, suculenta, para matar a sede. Mas, se o pai descobrisse, tinha certeza que o castigo viria. Tornou a olhar o céu e a pedir ao Bom S