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Mostrando postagens com o rótulo Lia Sena

Cinco poemas de Isabel Campos

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Imagem Pinterest  I quando nasci um anjo zen desses bem distraídos que vivem possuídos pela ternura de alguém disse   vai Bel com teu olhar comovido sorver o límpido azul do céu saber o mel que adoça as manhãs   vai Bel colecionar luas cheias em tuas noites vazias onde calam sentimentos que deságuam nas estrelas   vai pela poesia afora experimentar a vida até chegar a hora de se perder de vista vestir-se de si despir-se das ilusões. *** II um sonho pousou em minha janela   quis prendê-lo tratá-lo a pão de ló   por entre os dedos escapou   virou poesia virou anjo virou astro   estrela guia   logo abaixo das Três Marias. Monika Luniak   III devoro folhas de poesia amarga pra curar a chaga aberta   quem sabe inventar a chave que me devolva a saída   teu nome desenhado na linha da minha vida costurado à pele fere... e acaricia suave como o brilho macio da aurora. *** IV cada segundo fenece e e

Pôr do Sol | um conto de Vera Ione Molina

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Imagem Pinterest Pôr do sol              [ por Vera Ione Molina ] Na noite anterior fomos a uma festa. Bebi muito e, como sempre, tivemos de voltar para casa antes dos amigos. Vicente me dissera muitas vezes que não suportava mais minhas bebedeiras. Eu prometia que não beberia mais, mas odiava o jeito que aquelas alunas do meu marido o tratavam. Discutimos muito, tenho a impressão que horas a fio, mas não lembro de quase nada do que eu disse. Ele dev ia ter me dito algo terrível porque eu joguei na cara dele que ele era o homem mais feio que tinha passado pela minha cama. E, como bêbado não mede as consequências, dormi. Acordei cedo, tinha de entregar um bolo decorado para um aniversário de uma menina criada pela avó que pediu uma cobertura de chocolate e, no alto, o príncipe calçando um sapatinho na Cinderela. Vicente tinha acordado e me chamou para tomar café com ele. Falou do enorme ninho de caturritas no pátio que parecia dar movimento à casa, como se estivéssemos no campo. Fiq

A poesia magistral&impecável de Águeda Magalhães

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Luz a meio-tom                a Cecília Meireles Impossível Ver o vinho evaporando na fina taça e não sentir a saudade latente de todos os goles que deixei escapar acreditando que o manancial era eterno. engano pueril o líquido escoa... a marca teimosamente vai declinando. mais da metade já se foi. À semelhança dos poentes, sou luz a meio-tom. recolho-me como o sol que se entrega exaurido à noite irremissível Fica o gosto amargo das renúncias... A nostalgia das estrelas que entoam despedidas. Impossível retomar o ontem que não vicejou e hoje habita o abismo intransponível do “ tarde demais.” Choro pelo que deixei escorrer a céu aberto. pela manhã que deixei escapar sem sorver a beleza de seus cânticos molhados de sol. Hoje tardia quero beber, lentamente, cada fio ralo que escorre pelas bordas do cálice. são lágrimas esparsas :choram pelos meus desencontros, pelos meus desencantos. no percurso do agora escoltam-me lembranças gastas pistas de saudades que ressoam vozes e infinitude. fr

Uma colher de chá pra ele - Wanderley Montanholi

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|Uma colher de chá pra ele 10| Seis poemas do livro inédito -  POEMAS PRA VOCÊ APRENDER A RESPIRAR I. No Passado   Depois de toda a verdade que restava De todos os enganos nas estradas sem retorno De toda chuva que escorreu pelos vidros das janelas empoeiradas das tuas coxas De todas as pontes elevadas Impedindo a passagem Depois de tudo Depois do mundo Depois do fundo Depois do teu cheiro na varanda do meu peito Do teu jeito na bola de cristal Que brilha na mesa da sala Das lições que ninguém ensinou Depois de toda a música do piano Que continuava a tocar De todas as fotos queimadas no barro Depois de tudo Depois do mundo Depois do fundo Havia o ar Armar loganzillmer Sonho sempre que meu corpo é como um lago Profundo, escuro e com a claridade interna de um desespero em vaga-lumes E mesmo que a lâmina afiada da morte Tente apagar a luz dos olhos que outrora foram meus E mesmo que tente apagar o amor, o tempo, as nuvens doces em algodão A roda da vida gira em sorte e encanto Trazendo a

Maria - um conto de Helena Arruda

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  Monika Luniak Maria [ por Helena Arruda ]             As maritacas cantam nas mangueiras da janela. O som estridente vem carregado de cheiros de uma infância feliz. Pouco me recordo da minha infância. Mas me lembro do velho abacateiro nos fundos da casa da memória . Reminders , diria certo filósofo francês. A memória é casa habitada. Ouço o som das folhas da mangueira. Essa é a infância do meu filho. Sinto o cheiro da infância dele se reescrevendo sobre a minha, como num palimpsesto. Leio Elvira Vigna, uma mulher que soube assumir suas dores na solidão da escrita. Tenho medo de não poder escrever meus tantos livros que moram em mim.  Paro. O vento e as sombras entram pela minha janela. Meus pés e pernas florescem rendados pelas folhas e galhos das mangueiras que balançam ao sol da tarde através da cortina. O sol invade meus pensamentos e me aquece. Tenho medo de não poder sentir mais essa sensação. Penso que a sinto agora. Estou no tempo presente. Mas habito outros tempos e outro

A bela prosa poética de Camila Pina

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Gabriel Moreno Desmaios [por Camila Pina] A primeira vez em que o amor entrou em minha casa, ele veio cobrar uma explicação para todo o meu escárnio, quis me mostrar que eu não era imune e que eu seria patética se ele assim o quisesse. Foi o meu mais profundo desmaio, comparo-o a um coma. Não desmaiei de imediato, afinal encarei a ameaça com meu tom zombeteiro de costume. Nem mesmo reconheci o instrumento por ele utilizado para me destruir. Acreditei que racionalmente tinha escolhido uma distração para minha vida e estabelecido regras para o tempo em que faria parte da minha rotina. Não aceitaria que invadisse meu espaço e provocasse alterações indesejáveis. Diverti-me, senti-me superior até que me experimentei ligeiramente tonta. Comecei a ter pequenas perdas de consciência. Não me preocupei nem mesmo quando os desmaios se tornaram rotineiros. Desmaiar era intenso e viciante. Gradativamente fui perdendo minhas características, tudo o que me definia foi se tornando mais d