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Quatro poemas de Dirce Carneiro

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Campo de Girassóis - Van Gogh PREITO   Sussurram copas no ocaso de outono Cantam aves No hiato do juízo As horas cravam sentires de dor Badala o bronze, acelera instantes Belo é o cenário alheio a circunstâncias Cores da estação dominam a vista Girassóis circundam seu corpo inerte Último mimo a seu gosto na terra Tinge-se de ocre o campo do adeus Olhos parados, tomados de espanto Imaginário perdido um futuro sem ti Deitam-se no preito os tons da saudade. **** foto de Dirce Carneiro.   SOMMELIER Seu beijo molhado Harmoniza Com tinto seco **** foto Dirce Carneiro   MAREIRO Na praia, não havia escudo. A força do vento vencia o mar cada vez mais perto. Ondas gigantes em túnel, a areia no ar desenhava paisagem imprecisa. Os grãos minúsculos fustigavam a pele, ferindo-a. Longe estava a varanda, o abrigo. Cada vez mais distantes a casinha amarela, a visão da seringueira. Vul

A poesia caleidoscópica e caudalosa de Cristina Siqueira

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imagem: arquivo pessoal da autora Cinco poemas de Cristina Siqueira Tempo de faltas e excessos  Rumo incerto  Soçobrei  Só sobrei  ** Máximo e mínimo  Houve um tempo  de fragmentos  da arte  devoção dos monges fragmento de mísseis  escombros  a clamar seus donos  vírus da asfixia  um nada nas sombras  Sobras de humanidade  Houve um tempo   de águas pacientes a germinar sementes do Amor  e de dramas tenebrosos  trazendo o desejo  de provar o alívio da Paz ** Sem perdão  Rasgou o verbo  O verso  O papel ao meio Rasgou o mar  A bandeira  Rasgou o vestido  a camisa dele  Rasgou a pele  em ira desfeita  Mas quando  rasgou dinheiro Sentiu o peso  do desaforo  viu o coração no bolso Partido em miúdos  e o sangue nos olhos  dele  desaguando inteiro  Crucifixou-se ** Na época em que  as mulheres bordavam Ponto a ponto suas vidas  Suas cabeças criavam  pássaros Que fixos no bas

Giselle Ribeiro, uma poeta líquida e amazônida, correndo em outros rios e terras.

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exercício de ser adulto o pai ontem escreveu uma carta esquisita amigo Wolfgang, não durou muito meu casamento com a Vida agora ando flertando a Morte depois disso vestiu as palavras todas com um envelope e foi fazer chegar ao destinatário nunca mais voltou. diz-se que no caminho estourou o coração de amor pela sua nova namorada.       *** leia a bula outro dia eu fiz uma arapuca para pegar palavras vivas em estado de poesia. nela botei esse meu velho coração ele era a isca uma palavra caiu bem dentro da boca da isca. passei a noite com dor no peito cedo minha mãe me levou ao consultório do Dr. Manoel. ele arrancou graveto por graveto da arapuca e disse tire essa criança da escola lá ela só vai aprender a aprisionar palavras tire essa criança da escola caso contrário a poesia há de estourar-lhe o peito já medicada eu saí de lá cantando feito um passarinho       *** conselhos del mar