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Maria Balé em artes integradas - prosa e fotografia

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Fotografia por Maria Balé QUAL A IDADE QUE VOCÊ TERIA? (por Maria Balé) Qual a idade que você teria se você não soubesse a idade que você tem? Parece brincadeira. Não é. É pergunta de gente séria: Confúcio, mestre, filósofo e teórico político, a figura histórica mais conhecida na China cuja influência se exapandiu por toda a Ásia. O valor ao estudo, a disciplina, a busca pela ordem, a consciência política, a importância do trabalho e o culto à harmonia são lemas que o confucionismo introjetou de maneira definitiva na história chinesa, da antiguidade aos dias de hoje. Confúcio, quinhentos anos antes de Cristo, milênios antes do Pitanguy, do silicone, do botox e da marombagem sem medida, já se via às turras com a inescapável falência de nossas células ao longo da existência. Não me ocorre que o filósofo chinês estivesse preocupado com o viés da aparência ou a cosmética de cada fase da vida. Isso é cultura ocidental performática  para a qual a  idade é enc

Um Conto e uma fotografia - por Maria Balé

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Fotografia por Maria Balé Um Abraço Preso na Garganta     O barulho da chuva que cai no metal da janela do quarto se antecipa ao despertador. Ele abre os olhos. Lentamente. Olha para o relógio. É cedo. Tem um tempo, ainda. Cede aos apelos das pálpebras superiores que, sem resistência, voltam ao estágio anterior. A noite, insone, passara arrastada. Sem saber ao certo se é cansaço ou melancolia a causa da impenetrável espessura das horas, ele decide levantar-se. Permanece mais um pouco sentado na ponta da cama e, na tentativa de aliviar o peito comprimido pela angústia, respira fundo. Incontáveis vezes. Técnica de controle de estresse que aprendera num estágio nas Forças Armadas do Canadá, nos primórdios da sua juventude. Dispensa o desjejum e prepara-se para a viagem, há semanas, planejada. Às sete, em ponto, lá está ele, Treserres, apelido de Radamés Rodrigues Rangel, o motorista da empresa de transporte contratada. Viajar, desde sempre, é uma de suas paixões

Em um dia de chuva - Chris Herrmann

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 02 por Chris Herrmann Rio de Janeiro. Anos oitenta. Tinha acabado de completar 19 anos. Trabalhava como secretária-datilógrafa e teletipista (os “dinossáuricos” como eu, entenderão) e era nova naquela empresa. Com poucas semanas de trabalho, fui transferida para outro setor, onde substituiria uma secretária que entrou de férias. A chefe era uma mulher sisuda na casa dos trinta, que eu só conhecia de vista. No novo setor, os comentários corriam à boca pequena que a chefe era “um terror”. Tímida e observadora que eu era, vi que apesar do que falavam, ela demonstrava ser muito competente. Com receio de desagradar a “terrorista”, eu me concentrei ainda mais no meu trabalho  para não dar mancada logo nos primeiros dias e parecia dar certo. Ela chamava à atenção dos colegas por qualquer displicência. Eu ainda não tinha tido o “privilégio”, mas sabia que era apenas uma questão de tempo, hehe. Foto: Maria Balé No