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A POESIA DE MAYA FALKS | Projeto 8M

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(fotografia do arquivo pessoal da autora) 8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) Hoje é dia de navegar na POESIA  sempre impactante da incrível escritora MAYA FALKS !  1) SUSPIRO  O silêncio marcava o compasso da dor Nos passos errantes, no traço inconstante, o olhar de terror Fumaça de pólvora nova no cano da arma Dois passos, joelho na terra, venceu o seu carma Os olhos vidrados no céu, pedindo perdão Num campo cercado de corpo, encontrou em si mesmo a pior solidão  Guerreiro,  sem trunfo ou medalha, caído no chão Preso, em meio à batalha, não foi campeão.  Na garganta, a secura da alma prendeu seu último suspiro. (* poema do livro 'Poemas pa

Divina Leitura | As multiplicidades de "Santuário" de Maya Falks

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  Coluna 05 As multiplicidades de Santuário de Maya Falks - por Divanize Carbonieri       O primeiro aspecto que me chamou a atenção ao ler Santuário (Macabéa, 2020) de Maya Falks foi a questão do gênero. A princípio, julguei se tratar de uma novela, levando em consideração a definição clássica presente em Massaud Moisés (2000): narrativa episódica, constituída por uma pluralidade de células dramáticas com diversos conflitos – ao contrário do romance, que, mesmo podendo ter vários conflitos, apresentaria uma célula dramática principal, aquela do protagonista. Além da pluralidade dramática, a novela, segundo Moisés, ainda seria caracterizada pela sequencialidade, com as células dramáticas se organizando numa sucessão, com cada episódio contendo começo, meio e fim em si mesmo, geralmente numa ordenação cronológica dos eventos ficcionais. E aqui surge talvez a primeira dificuldade para entender o livro de Falks apenas como uma novela: os eventos não se organizam em ordem cronoló

Mulher de Palavra 03 - Natalia e seu pomar

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Mulher de Palavra 03 - coluna de entrevistas literárias Natalia e seu pomar por Maya Falks Preferimos as árvores que dão frutos. Traduzindo a metáfora, pessoas que produzem algo, que acrescentam algo para a sociedade, são as que nos interessam mais como espelho, como exemplo. Provavelmente essa metáfora com árvores frutíferas já é clichê para Natalia Borges Polesso , já que ela (olha a metáfora ambiental aqui) ganhou a tartaruguinha mais cobiçada da literatura por um livro chamado "Amora". Mas Amora não é um livro sobre a frutinha de-li-ci-o-sa que dá em árvore, e sim, sobre outra coisa ainda melhor: o amor. O "a" ao final simboliza que o livro de contos reúne histórias de amor entre mulheres, se tornando um livro histórico na luta pela visibilidade lésbica e o combate ao preconceito. Claro que nem tudo são rosas e árvore que dá bons frutos é a que mais leva pedrada, certo? Infelizmente, sim. Conheço Natalia tem um bom tempo, dona de um carisma impar, sim

Mulher de Palavra 02 - Por trás da história

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Mulher de Palavra 02 - coluna de entrevistas literárias Por trás da história por Maya Falks Hoje, 07 de abril, comemoramos o Dia da Jornalista. Sim, da jornalista porque esse é um espaço de valorização do trabalho de mulheres. Mas não foi a data que me motivou na escolha da primeira entrevistada dessa coluna; foi a dedicação que ela demonstra em correr atrás, investigar e contar histórias. Daniela Arbex é jornalista reconhecida que foi parar na literatura exatamente pela paixão que nutre por contar histórias, e por ser incansável nessa missão. Foi assim que se tornou uma jornalista/escritora multipremiada com obras que figuram há anos nas listas de mais vendidos - só o livro "Holocausto Brasileiro" já vendeu mais de 300 mil cópias e virou documentário. Ao todo, Daniela acumula mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, tanto na literatura quanto no jornalismo, como o cobiçado Jabuti e o tradicionalíssimo Prêmio Esso, três vezes. Entretanto, números e troféu

Podcast - Pod Ser MulherArte

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Pod Ser MulherArte  por Chris Herrmann O Podcast da Revista Ser MulherArte é uma das novidades que reservamos para todas e todos que têm acompanhado nosso trabalho coletivo no site, no Instagram e no Facebook. Autoras e leitoras/leitores: agora teremos também ouvintes. Nosso Podcast está hospedado no site Anchor.fm e também está disponível no Spotify. A URL do Pod Ser MulherArte é: http://anchor.fm/podsermulherarte e o link para o Spotify: AQUI Podemos ser ouvidas lá e aqui na revista também, como trago abaixo as duas primeiras faixas: minhas boas-vindas e a segunda, o poema ‘Fendas’ lido pela autora Maya Falks . Nosso Podcast está disponível nas seguintes plataformas: Esperamos que apreciem nosso Podcast que, em breve, estará com muitas novas faixas de autoria de mulheres, seja no gênero poesia, crônica, conto, prosa poética, humor,  bem como música.

Mulher de Palavra 01 - Agora é que são elas

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Mulher de Palavra 01 - coluna de entrevistas literárias Agora é que são elas por Maya Falks Sempre que surge uma nova iniciativa de valorização literária, eu vibro. Quando eu sou convidada pra fazer parte de uma, eu pareço uma criança na frente de uma árvore de natal cheia de presentes ou eu mesma em uma livraria; a empolgação vem à pele, a vontade de fazer um trabalho lindo cresce descontroladamente. Buenas, cá estou eu chegando com os dois pés na porta. A ideia da coluna é trazer sempre a voz e o conhecimento de mulheres das letras, porque nada é mais importante no nosso crescimento pessoal e profissional do que aprender com quem já sabe. Não sei bem como a coisa vai andar daqui pra frente, mas sei como eu quero conduzir, porque essa revista é linda e merece que eu faça algo igualmente lindo. Eu sou Maya Falks, jornalista, escritora, resenhista e idealizadora do blog Bibliofilia Cotidiana, que apoia e é parceiro dessa revista linda a qual integro agora. Todas jun

Um conto delicado de Maya Falks

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Luciane Valença Flor por Maya Fal ks Você se lembra daquele dia? Devia ser no verão de 94 ou 95, não sei. Eu usava aparelho e você era magro que parecia que ia rachar ao meio. Você desceu os três degraus da varanda, quase caiu no jardim porque estávamos bêbados, e arrancou uma das flores que sua avó tinha plantado uma semana antes. Você, chucro, me disse que era pra eu não dizer que nunca ganhei nada de você. Tive vontade de dizer que preferia um beijo, que a flor morreria, mas o beijo ficaria guardado pra sempr e. Mas você já estava com ela na mão. Estava escuro. Tive esperança que o beijo viesse depois da flor, mas você se virou e disse que me levaria pra casa. Caminhei em silêncio ao seu lado, tentando respirar o seu cheiro, ofegante, acreditando que sentiria seu gosto no meu portão. Entrei em casa somente com a flor. Não que não fosse bom, mas eu ainda preferia teu beijo. No dia seguinte você não se lembrava de nada. Um dia, anos depois, achei a flor seca

Maya Falks - Um conto comovente

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imagem: pinterest  Matias por Maya Falks A gente tinha a mania de pegar aqueles panfletos de papel mais grosso que o pessoal joga no chão e fazer aviãozinho. Era a única coisa que eu sabia fazer além de recitar meio alfabeto arrotando. O Matias não, ele tinha mais habilidades, fazia barulho de peido com o sovaco e barquinho com os panfletos. Nos dias de eleição a gente andava nas ruas recolhendo pilhas e pilhas de papel com cara de candidato tratada nesses programas de computador. O Matias fazia praticamente um port o inteiro de barquinhos pra gente brincar nas poças quando chovia. Um dia a dona Zuleide escorregou num barquinho que encalhou na calçada dela e a gente esqueceu de buscar. O pai do Matias ficou uma fera, bateu nele de cinta até sangrar, na nossa frente. A dona Zuleide achou muito que bom, e disse pra minha mãe que ela devia fazer o mesmo, que onde já se viu mocinha de bermuda brincando de barco com os moleques. Eu levei anos pra entender o que ela quis