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MulherArte Resenhas 19 | “Do jeito da gente”, de Terezinha Malaquias, por Elen Arcangelo

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  MulherArte Resenhas 19 | “Do jeito da gente”, de Terezinha Malaquias, por Elen Arcangelo   “ Do jeito da gente ” , de Terezinha Malaquias, é a perfeita junção de uma obra infantil, lúdica e também consciente. A história é narrada em primeira pessoa por Alice, uma adorável garota de dez anos que vive em São Paulo com seus pais e sua irmãzinha Thaís. Alice nos conta um pouco do seu cotidiano: seu dia-a-dia na escola, seus passeios favoritos e a convivência com a sua família. Por ter uma criança como narradora, o livro ganha um nível de personalidade muito forte e aumenta a conexão público infantil com a obra, como se tivessem ganhado uma nova amiga, ao mesmo tempo, a linguagem simples e descontraída torna a leitura agradável e acessível para todos(as). Num complemento perfeito e acrescentando charme e delicadeza, a obra é permeada por lindas ilustrações aquareladas de Sandra Sampaio Rodrigues.   O ponto mais interessante do livro são as análises e percepções da Alice so

MulherArte Resenhas 18 | Sobre "Ao pó" de Morgana Kretzman - Por Irka Barrios

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  Sobre Ao pó de Morgana Kretzman  - Por Irka Barrios A aposta de Ao pó , livro de estreia da autora Morgana Kretzman, mira num assunto presente e doloroso para grande fatia do público feminino: o abuso sexual. Preciso reconhecer, não é um tema novo na literatura. É, ao contrário, um tema bem recorrente. Mesmo assim, o assunto sempre desperta interesse e instiga o debate. Talvez porque seguimos, em pleno século 21, assistindo, perplexas, a impunidade para essa violência vil e covarde. Na obra, Sofia, uma atriz que vive no Rio de Janeiro, coleciona alguns relacionamentos fracassados que (logo fica evidente) têm a ver com traumas que a personagem tentou enterrar.  Por conta dessas experiências traumáticas vividas na infância, Sofia tem dificuldade de se abrir, de se envolver, de confiar num companheiro. Como se não fosse carga suficiente, o sofrimento de Sofia vem carregado de uma boa dose de culpa. Quando optou por enterrar o passado, ela praticamente entregou Aline, a irmã mais nova

MulherArte Resenhas 17 | "O Olho Esquerdo da Lua" de Jade Luísa - Por Antônio Torres

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  O OLHO ESQUERDO DA LUA (EDITORA PENALUX, 2021) DE JADE LUÍSA - Por Antônio Torres Nos tempos que atravessamos, ler “O olho esquerdo da Lua, de Jade Luísa, é pressentir a respiração indômita e libertadora de Lilith, tida como a mulher primeira; é vislumbrar a autonomia, sensualidade e prazeres no reino de Safo, em Lesbos; é perceber o esplendor erótico na arte de Maria Tereza Horta e de Lourença Lou; é sentir a multiplicidade de mulheres, lutas e caminhos que habitam e formam uma mulher, ao ler Mar Becker; é trilhar uma vereda original entre tudo que já foi dito e o que ainda não se nomeia e se oculta na encastelada hipocrisia. Já tivemos, nos primórdios, sociedades matriarcais, e a lua foi a primeira divindade do que passou a chamar-se humano. “O olho esquerdo da Lua” chega com essa aura de mistério e luz reveladora : de delicadezas, como em Gema (tornar-se pétala), Maré VII (asa no murmúrio das ondas) ou El comienzo del sueño (cata-vento enluarado); : de afirmação e autodescoberta

MulherArte Resenhas 16 | "Chão Batido", de Juçara Naccioli: vozes monumentais de ontem e de hoje - Por Marli Walker

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  Chão Batido , de Juçara Naccioli: vozes monumentais de ontem e de hoje - Por Marli Walker Chão Batido , de Juçara Naccioli, chega pela editora Cálida - SP, neste 2021, trazendo a linguagem de uma voz lírica ancestral (seria a avó?), atualizada por outra voz (seria a neta?), conduzindo o leitor por entre cantigas, alecrins, lavandas, rosários, orvalhos, rezas e patuás. Ao leitor desavisado, o estranhamento poderá ocorrer logo ao iniciar a leitura dos poemas, que vêm revestidos de “pretuguês”, grafados em linguagem que revela a diversidade cultural desde o chão até o teto, passando pelo quintal onde se colhem as ervas para proceder às rezas e benzeções. A poeta advertiu-me, quando lançou o livro, para que lesse os poemas seguindo a sequência, caso quisesse vivenciar uma experiência de leitura mais intensa. Foi o que fiz, que não sou boba nem nada. Quero sempre a experiência o mais potente possível quando o assunto é poesia, linguagem, literatura. A atmosfera densa vai se tornando, ao

MulherArte Resenhas 15 | Entrega-se poesia em Domicílio - Por Marli Walker

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  Entrega-se poesia em Domicílio  - Por Marli Walker            Marta Helena Cocco nos entrega poesia em Domicílio num período em que a pandemia da Covid 19 começa a perder força diante da vacina. Embora os poemas tenham sido escritos em 2017, alguns poucos receberam os últimos retoques em meio a reclusão forçada que vivenciamos. É interessante pensar no surgimento da proposta temática há dois ou três anos, pois quando li o arquivo em primeira mão, já estávamos todos trancafiados em casa, obrigados a conviver com espaços até então pouco reparados, sentidos ou até mesmo evitados. No entanto, ficamos sem saída, acuados em domicílio, literalmente. Esse fato interferiu na leitura e fez pensar na proporção com que Bachelard se dedicou em suas observações sobre a simbologia do espaço, essa poética tão íntima de cada ser. Por óbvio que o Domicílio de Marta é metáfora da ambiência psíquica, dos nossos recantos, quartos, salas e cômodos da bagunça. Entramos, pois, com o cuidado que a visita e é

MulherArte Resenhas 14 | O "Domicílio" de Marta Cocco: A arte de habitar a poesia contemporânea - Por Eduardo Mahon

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  O Domicílio de Marta Cocco:  A arte de habitar a poesia contemporânea   - Por Eduardo Mahon A beleza de ler um livro ainda não publicado é que, depois que encarna no papel parece ser algo completamente diferente. Exilado no Manso, há mais de 1 ano, li o copião do atual Domicílio (Gesto, 2021). Senti um gosto meio amargo de balanço, fim de festa, noves fora, trocando em miúdos. Talvez fosse a pandemia, o sol escaldante, o cenário do cerrado bruto. Li várias vezes como se, na poesia de Marta, houvesse alguma salvação. Nunca há. Quem sabe, dê-se justamente o contrário. Agora, devidamente vestido de capa e contracapa, o livro confirma a minha sensação inicial. A maturidade cobra uma espécie de retrospecto, antologia ou exposição do que se aprendeu até aqui. Não poderia mesmo ser um livro esperançoso em meio ao nosso contemporâneo desesperançado.  Domicílio abre-se em cômodos, cada qual dedicado a um estilo e/ou tema, prato cheio para os estruturalistas que babarão de gula com a “antig