Uma narrativa e dois poemas de Janete Manacá | "A menina que nunca deixou de sonhar"
Quang Nguyen Vinh. Fonte: pixabay.com. Uma narrativa e dois poemas de Janete Manacá A menina que nunca deixou de sonhar A madrugada estava gelada. O sono era intenso, o corpo tenso não descansara. Não havia nada que conseguisse aquecer os pés e as mãos. Mesmo com uma pilha de colchas e cobertas sobre o corpo. Até o galo com insônia cantou. Desafinado e antes da hora. Penso que também estava incomodado. O cheiro forte de café recendia por toda a casa. Risquei o fósforo e acendi a lamparina. Abri a janela. Um ar gelado invadiu o quarto. Daqueles de trincar as bochechas e avermelhar a ponta do nariz. O sereno congelado repousava sobre a verde pastagem. Tempo de geada. Saí no quintal. O telhado da casa estava coberto com flocos de gelo. Era tempo de colheita de café. Não tínhamos tempo a perder. Peguei meu chinelinho de dedo debaixo da cama. Coloquei meu surrado paletó de flanela. Seguimos o carreador em meio ao pasto. Passamos a porteira e entramos na estrada de terra entre a mata fec