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Mostrando postagens com o rótulo Neide Silva

Pés Descalços 04 | A visita do papai Noel

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                                                     A visita do papai Noel O barulho da chuva acorda a menina dentro de mim. Combino com o meu filho como seria legal pendurarmos luzes nos pergolados e montarmos a árvore de natal. A infância me toma por minutos, o suficiente para o resgate de mim mesma. Houve uma vez em que senti o papai Noel. Na rua em que morava havia uma feira com todo tipo de alimentos e brinquedos. Quando chegava perto do natal era mais linda ainda de se ver. O homem da cobra parecia mais vivo, ciganos vendiam suas cores, variações de brinquedos, alimentos e doces. Às vezes me imaginava com uma maçã nas mãos, ou um brinquedo. Ao longo da infância, passávamos por muitas necessidades e esperar por um brinquedo era luxo, a vontade de permanecer em pé vinha em primeiro lugar. Nossos pedidos para papai Noel não chegavam. Era comum faltar o gás e a barriga vazia esperando o almoço calava a fome de brinquedos. Quem sabe por descuido, são tantos pedidos para atender. Mas

Pés Descalços 03 | Quanto vale seu bicho

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          Quanto vale seu bicho Por volta dos sete anos de idade tive uma galinha de estimação. Fiz promessa a ela de que jamais nos separaríamos. Cuidei desde que era pinto. Gostava de fazer casinhas e caminhas para ela com tranqueiras velhas que pegava pelo quintal. Eu a achava a galinha mais linda do mundo. Penas brancas como as nuvens e plumas rosadas, roliça e grandalhona. Li muito para o meu filho a história “A Vida Intima de Laura”, de Clarice Lispector, cuja personagem principal é uma galinha, Laura. Eu passava os momentos de folga em baixo de um pé de manga, ao lado dela, geralmente pela manhã, quando os pássaros mais cantam em meu quintal. Quando a minha avó paterna vinha nos visitar, corria até ela e perguntava “vovó, quando a minha galinha tiver os pintinhos, eu serei a avó deles?”. A minha avó abria um sorriso enorme. Depois dela, não me lembro se apeguei a outro animal. Gosto de vê-los soltos pelos matos, ainda mais sendo pássaros com suas cantigas pela manhã. Houve

Pés Descalços 02 | Uma página para cada coisa

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                        Uma página para cada coisa Um dia uma colega me contou, espantada, que havia lido no jornal que “mais da metade da população da Índia não tinha condição de comprar papel higiênico”. Aquilo me fez lembrar da época de escola, na infância, quando morava em uma casa em uma rua que era o coração do bairro. Naquela rua havia uma escola, uma creche e a igreja católica com a única pracinha do bairro. Nos arredores ainda se observava a sorveteria, o supermercado, o campo de futebol, a lojinha de roupas e a de sapatos. A igreja evangélica, o centro comunitário, o verdurão, bares e farmácia. Mas havia também, e resgato da memória, os comícios, em tempos de eleição, as feiras de domingo e, os ensaios de Carnaval. Embora, na maioria desses lugares, só passássemos em frente. E nos ensaios de carnaval e comícios, mamãe dizia que não era para meninas; nos proibindo de ir. Observava os movimentos, pela rachadura da porta da frente de casa.   A escola era impossível de não se

Pés Descalços 01 | Menino ou Menina

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  Menino ou Menina Quem me conhece sabe que gosto de contar histórias, em especial, da minha vida. Acho que herdei isto da avó paterna, amada vovó. Mas, às vezes, ela me deixava confusa. Dizia que eu tinha uma natureza forte, menina braba e, lá vinha a ladainha de sempre, com a mesma história dizendo “Quando sua mãe foi para o hospital, ter o seu irmão Ivan, ela deixou você em meus cuidados, você acordou no meio da noite querendo a sua mãe e eu disse que ela não estava, mas que a vovó estava ali. Você não quis saber de mim e deu um tapa em minha cara.”. Escutei esta história desde os dois anos de idade até a fase adulta. Fui uma criança que dificilmente aceitava as coisas facilmente, ainda mais quando a mãe queria me colocar para cuidar dos irmãos mais novos e ter que cozinhar para a família. Sempre achei que fazer os serviços domésticos tirava a minha liberdade. Era uma tortura. Deixar de subir em árvores, de finca finca no chão, rolimã, construir casinhas com tranqueiras velhas, pula

Divina Leitura | Temporada de infantojuvenis em Mato Grosso

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  Coluna 17 Temporada de infantojuvenis em Mato Grosso Nos meses pandêmicos, entre 2020 e 2021, a literatura produzida em Mato Grosso, em franca efervescência, viu também um florescimento de infantojuvenis. Neste post, apresentamos oito dessas obras. 1) Elvis e Lola: um mundo coelhado - Texto e ilustrações de Neide Silva (Editora TantaTinta). Sinopse: Elvis e Lola são um coelho e uma coelha muito diferentes um do outro, mas, mesmo assim, constroem uma linda história. Conhecer novos gostos, hábitos e situações pode ser muito interessante. Temas: diferenças culturais, aprendizado, respeito e tolerância pelo diferente. Link para a compra:  https://www.tantatinta.com.br/livro/elvis-e-lola 2) TROA - Texto de Alicce Oliveira e ilustrações de João Paulo de Oliveira Carmo (Umanos Editora). Sinopse: Onde está sua força interior? Troa te convida para uma jornada entre céus, terras, mares e montanhas. Com coragem e sabedoria, a jovem Troa descobre que o maior bem habita dentro de si. E que é n

Uma série pictórica de Neide Silva | Flores do Cerrado

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  Flores de Pequi. Neide Silva. Uma série pictórica de Neide Silva Flores do Cerrado Neide Silva salva o Cerrado O conjunto de telas sobre as quais me detenho pode ser observado como um símbolo espelhado do desejo humano diante de perdas ou catástrofes limítrofes. Utilizando a técnica acrílico sobre tela e paleta de cores vibrantes, mais do que a poesia das flores da paisagem local, do Cerrado, essa natureza tão nossa, a obra recente de Neide Silva resgata a natureza num movimento (talvez inconsciente) que perpetua imagens, matizes e formas para salvar o que vem virando cinza sob os nossos olhos. O movimento se dá no sentido de recuperar os tons da vida que pulsa como refúgio, santuário, paraíso terreal pleno de mel, em que as flores dos frutos antecedem o banquete de delícias. Se o Pantanal e o Cerrado arderam em chamas, a artista reverte o cenário de agonia que se espalhou e manchou os céus com um rastro de tons obscuros, dantescos e sufocantes. Neide Silva, filha da terra, como que