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Cinco poemas de Rosana Piccolo | Uma poética de movimento e paralisação

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Tomie Ohtake Cinco poemas de Rosana Piccolo Uma poética de bronze e movimento tremulante Baile   ninguém sabe o que passa pelo coração das estátuas   ninguém ouve o leão com asas de argila, poetas cinzelados a chicote e névoa   há grous garças adágios enraizados no bronze   ninguém dança nem camisas ao vento nem folhas de agosto nem robôs nem joãos bobos nem em filmes nem por sonho nem por lei, ninguém   no chafariz o cavalo baba mil saiotes refrescantes ninguém usa     Sábado à tarde   toldos odor de bacon nos bares   pisoteada serpente do Largo por músicos e malhas garis alaranjados   panfletos se debulham como pétalas, túneis pileque de pivetes   e as gárgulas que golfam grifes de verão na úmida gravura de meu rosto Tomie Ohtake Praça do Japão *   vestida de noiva, ela vinha adiante pisava a grama gelada áspera bota calçava vestida de noiva contrária à lágrima escura dos pombos vestida