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Mostrando postagens com o rótulo Sandra Godinho

MulherArte Resenhas 07 | Amazônia em sangue com Sandra Godinho

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  Amazônia em sangue com Sandra Godinho _ por Luiz Otávio Oliani "- Uma estória nunca é a mesma quando passada de boca em boca”  Sandra Godinho, p. 37 A literatura é uma produção humana e toda e qualquer classificação em relação a ela segue com fins didáticos. O uso dos adjetivos serve para rotular, aproximar, moldar, aprumar ou categorizar estilos e autores, como se não houvesse exceções.   Na História, a produção de literatura ficou restrita, por séculos, aos homens. Mas, com o declínio do patriarcado na sociedade brasileira, o direito ao voto, a revolução feminista, entre outras conquistas, as mulheres passaram a ter espaço no campo das letras. Bem depois de Dinah Silveira de Queiroz, com “Floradas na Serra”; Rachel de Queiroz, com “O Quinze”, Clarice Lispector, com “Perto do Coração Selvagem”, Lygia Fagundes Telles com “Ciranda de Pedra”, Nélida Pinon com “Guia-mapa de Gabriel Arcanjo”, para ficar somente com estas romancistas de quilate, eis que surge, em 2020, Sandra Godinho

Um trecho de romance de Sandra Godinho | "Tocaia do Norte"

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  Um trecho de romance de Sandra Godinho Tocaia do Norte Sinopse: A história de Tocaia do Norte é baseada em fatos reais que aconteceram nos meses de outubro e novembro de 1968 no Amazonas e que tratam das circunstâncias misteriosas envolvendo o massacre da expedição do Padre Giovanni Calleri e a matança de quase 3000 índios Waimiris-Atroaris. Em Tocaia do Norte , o padre Chiarelli, pertencente à congregação Missionários da Consolata, foi escolhido pela Funai em 1968 para afastar os índios da área que os militares escolheram para construir a rodovia BR- 174, ligando Manaus a Boa Vista. O religioso, escolhido pelos governantes do Amazonas e Roraima, Funai e DNER para chefiar uma missão de pacificação, leva consigo o seminarista João de Deus, dado à igreja como paga de promessa por seus pais. Durante a expedição, desenreda-se uma trama de anseios políticos e econômicos, em que fica evidente o interesse da elite governante, dos militares do DER e da Funai regional para que o padre foss

Divina Leitura | O fragmento em "Orelha lavada, infância roubada" de Sandra Godinho

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  Coluna 06 O fragmento em Orelha lavada, infância roubada   de Sandra Godinho - por Divanize Carbonieri Lendo Orelha lavada, infância roubada (2018) de Sandra Godinho, me lembrei da seguinte frase do dramaturgo Heiner Müller: “Não acredito que uma história que tenha ‘pé e cabeça’ (a fábula no sentido clássico) ainda seja capaz de dar conta da realidade” (MÜLLER apud SARRAZAC, 2002, p. 89). É uma defesa do fragmento, que Müller entendia como a estética apropriada para a era pós-moderna, em que qualquer sensação de totalidade tornou-se inviável. Na verdade, Müller também afirmava que a tarefa da arte é tornar a realidade impossível. Pelo menos, a realidade que se supõe coesa, contínua, homogênea. Para a realidade estilhaçada por meios de comunicação de massa e de transporte cada vez mais rápidos, a única forma de apreensão é mesmo fragmentária. De acordo com Ingrid Koudela (a partir de Ruth Röhl) (2006, p. 29),   [uma das funções do trabalho com fragmentos de Müller] é a de [...

Resenha do livro de contos O VERSO DO REVERSO, de SANDRA GODINHO

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NO REVERSO DA REALIDADE HÁ SEMPRE UM VERSO INSISTINDO NA RESISTÊNCIA PELA VIDA por Nic Cardeal  O livro O VERSO DO REVERSO (Guaratinguetá/SP: Penalux, 2019), de SANDRA GODINHO , reúne uma coletânea de 32 contos. Quando comecei a leitura, fiquei logo intrigada. Já inquieta, queria saber o motivo do título. Ao final, penso que compreendi. Reverso é aquilo "que está ou parece estar em posição oposta à normalidade; que retornou ao ponto de partida". Nesse contexto, vejo o texto de Sandra como uma costura única, toda atravessada em reversos, no avesso da aparente normalidade da vida, onde a linha que os tece - em uma única estrada que conduz ao coração, às dores do coração, às percepções mais profundas (e antagônicas) do coração - é a aquela dos sentidos mais originários da nossa humanidade (ou falta dela!). A autora parece fisgar, com o anzol das palavras, nossos mais escondidos sentimentos de fragilidade, colocando à flor da pele todas as dores possíveis, result

Sandra Godinho - Um Conto forte e instigante

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Di Cavalcanti O silêncio que não cala Sandra Godinho O meio . O silêncio escorregou da boca da menina para a língua de asfalto que se desenrolou até a esquina movimentada. Perto da padaria, o cheiro de pão tomando as narinas, as conversas tomando os ouvidos, custou até alguém perceber aquele tico de gente plantada à porta, com o olhar tomado de vazio. O olho inchado, doendo muito, mas quem a visse, podia jurar que a dor era mais na alma que no corpo. Aparentava ter uns onze anos, cabelos embolados em nós, garganta em nó, pulmão em nó, a menina mal arfava, como se o simples respirar lhe exigisse esforço. Alguém na fila do caixa a viu e correu a acudi-la. ̶   Você está bem? ̶   Tinha sangue, eu estava sem nada, só com a roupa de baixo, tomando choque porque estava na água. ̶   Qual o seu nome? ̶   Ele me deu um chute e uma pancada no rosto. Me fez entrar no carro, não sei quanto tempo rodou. ̶   Cadê sua mãe? ̶   Tinha uma luz, uma brecha para outro lugar. E

Um Conto inédito de Sandra Godinho

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Aquarela por Luciane Valença Três Quartos de Um Amor ‘O primeiro me chegou como quem vem do florista’ [ 1 ] , mãos de afeto desenhando no meu corpo um mapa de desejos inconfessáveis, escalando montes, escavando vales em febre e furor até devassar meus pudores. Foi o desfolhar das camadas que me surpreendeu. O afago fingido na roda com os amigos, o beijo belicoso para selar uma discussão inoportuna, a carícia carente, roubada no meio da noite, imposta como penitência mal cumprida. O calor mal desabrochado na madrugada morria ao alvorecer, no gozo frio adormecido no leito. ‘O segundo me chegou como quem chega do bar’ [ 1] , a boca trazia o destemor, poesias embaladas no vinho, marinadas com a sede do mundo, engolindo sua fome de possessão com suor e saliva enquanto sua seiva me alimentava de desejo. Foi o primeiro tapa que me surpreendeu. Eu, ainda embaçada com a promessa descumprida de que o acontecido nunca tornaria a acontecer. Depois do tapa, o soco, cedendo a um ab