Um conto poético - por Aidil Araujo Lima
Desenho por W Patrick Caminho do viver Aidil Araujo Tão jovem ainda e perdeu as pegadas do caminho. Desiludido destino, abusado de esperar andança, deixa o corpo entregue à sina, esquecido da conta dos dias, desvalido, num faz de conta de viver. A velha mãe inventava força, preparava alimento que deitava no banquinho junto à cama. Um dia a encontra com pálpebras levantadas, pede que troque de lugar com ela, uma vez que já tinha provado os gostos da vida, casou, ficou viúva, teve filha e ela, tão nova, ali encalcada na cama, desacostumando o viver. Ela fecha os olhos, disfarce adormecido, não carecia de vontade trocar palavra com a mãe. Pedia ajuda em silêncio, de alguém desse mundo ou do outro, alento para encontrar o caminho de existir. Passou o tempo, até que numa noite, ouviu de relance voz não conhecida lhe chamando pelo nome, num espanto abriu os olhos, uma mulher negra reluzente estava a sua frente, parecia ser anjo, levantou-se, vestiu casaco, saiu com cuidad