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Mostrando postagens com o rótulo poema

Poema | A(mar), por Jeane Tertuliano

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|Coluna 12| Não posso diferir daquilo que sou: poesia desabrocha tal qual uma flor quando o assunto em questão é o Amor. Nada sei, mas imagino; sendo assim, concebo o infinito. Embalada pelo tracejo (in)verso que alimenta a ânsia tamanha pelo desvelo conjugo o verbo a(mar) junto à melodia soprada pelo vaivém das ondas, o inebriante cantarolar. Torno a dizer: nada sei, mas posso imaginar.

Poema | Ruína, por Jeane Tertuliano

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  |Coluna 11| Há cadáveres por onde caminho. Mortes contínuas de mim mesma inibem a cicatrização da ferida que,  erroneamente, julguei estar contida. Meu corpo lívido, em penúria, verte; a poesia nas rimas do meu caminhar já não acalenta o meu desaguar. Me ponho a escrever porque há muito vislumbro o meu próprio ser, padecer. Cruel inconformidade que me fez ver verdade nas quimeras do viver!

Poema | Nunca Mais, por Jeane Tertuliano

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|Coluna 10| Entre quatro paredes, a solidão perene ecoa e o vazio destoa a voz que, chorosa, sufoca l e n t a m e n t e. Toda a gente padece um pouco maia a cada manhã dorida de verdades fingidas. Nada mais tem valor no vão ostensivo que reluz incolor. Empatia é sonora nos lábios sem amor de homens e mulheres. Eu sempre me questiono: o que eles pretendem falando do que não sentem? Mentiras há muito contadas desfilam encorpadas nas ruas, nos lares e nos corações frios. Apenas eu divago adoidado sobre os nossos temidos vazios?! Ignorar a escuridão à janela não apagará as sequelas. Nada mais será como antes! Deitada em minha gélida cama escuto o crocitar da ave medonha que sobrevoa o alto do meu ser...  "nunca mais" — eu a ouço dizer.

PONTE-AR: literatura preta em dia(logo) | Demandas - Catita

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  Coluna 4 Demandas             Tina, acordei hoje, seu 13 de maio, com um ponto na cabeça: “Ogum, vencedor de demanda, ele vem de Aruanda pra salvar filhos de Umbanda Ogum, Ogum Iara, Ogum, Ogum Iara, salve os campos de batalha, salve a sereia do mar, Ogum, Ogum Iara”   O ponto na cabeça, sua voz nos meus ouvidos, sua imagem nos meus olhos internos: a senhora cantava esse ponto, essa parte, muitas vezes quando estava na cozinha ou no quintal. Às vezes eu cantava junto, outras ficava só observando.  Muito mais tarde fui entender que o canto ocorria sempre que um problema nos rondava e você estava matutando como resolvê-lo.   Em nenhuma fase de minha vida, por mais difícil que fosse – perdi a conta de quantas foram e são – nunca imaginei uma situação como a que vivemos atualmente. “Pandemia” para mim e boa parte do mundo era palavra de dicionário apenas. Eu me pego pensando em como a senhora agiria, Tina? Certamente ficaria apreensiva com as restrições ao entra e sai das crianças, m

Poema | Sequela do Amor, por Jeane Tertuliano

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|Coluna 02| Sequela do Amor O tempo chicoteia a memória i n c e s s a n t e m e n t e. Entretanto, o sádico ignora um pequeno-grande porém: quando se ama alguém, esquece o esquecimento; resistindo, assim, ao tormento. O romântico é,  primordialmente,  um semideus: mediante a prévia do fracasso,  concebe um desfecho do seu agrado, crendo piamente na sua veracidade. Devaneando no mar do amor genuíno,  fica insone e dá asas ao vil desatino: chora e ri de si mesmo ao naufragar.

PONTE-AR: literatura preta em dia(logo) | Apneia - Catita

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  Coluna 03 Apneia Há muitos anos, fiz uma Oficina de Crônicas com Antônio Prata. Estávamos empolgadas com a oportunidade em um evento de um outro colégio, eu e uma colega de trabalho que se tornou grande amiga, dessas de verdade, que discordam, são parceiras, se afastam, se respeitam e se amam. É curioso voltar a ser aluna, mesmo que por algumas horas: a gente incorpora o personagem e apimenta com o olhar crítico, quase ácido da profissão. Tudo corria desafiadoramente bem, até que no momento de comentar os exercícios propostos, afinal era realmente uma oficina, Antônio me disse que eu escrevia bem, no entanto tinha material para umas vinte crônicas em um só parágrafo! Nem dava para respirar! Eu quero muito melhorar isso, Antônio. Mas continuo falhando.  “Ponha o foco em um”. Um ano do primeiro caso de Covid19 registrado no Brasil, 26 de fevereiro de 2021. Tanto já foi dito, desdito e revisto sobre essa doença, o coronavírus e a pandemia que, como diz o nome, tomou conta do globo te

PONTE-AR: literatura preta em dia(logo) | Planos - Catita

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  Coluna 02 Planos Todo santo ou diabólico ano os seres pensantes e angustiados na vida fazem tudo sempre igual: promessas no fim do ciclo e planos no início do vindouro. E mesmo que se queira agir de forma diferentona: “esse ano não vou fazer nenhuma promessa, nenhum plano, vou deixar a vida me levar”, você acaba fazendo tudo igual e os projetos pegam seu ser todinho. Admiro igualmente quem se empenha nos planos e quem se nega a eles, tendo sucesso ou fracasso. Não é incoerência minha. É aceitação do humano, já que não podemos ser como meus gatos, esses sim, fazem tudo sempre sempre igual - do sucesso em dormir quase o dia todo não importa a superfície ao fracasso em capturar os inocentes insetos voadores. A humanidade é muito grande e diversa, portanto qualquer generalização é leviana. Então, sendo leviana, posso afirmar que todos os desejos, por mais diferentes que sejam, englobam três aspectos: o material, o físico e o emocional.  O material básico é emprego, carro, casa e dinhei

PONTE-AR: literatura preta em dia(logo) | Na moda - Catita

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  Coluna 01 Na moda Brasil. Férias escolares de janeiro de 2021. Mesmo que seja uma pessoa planejada ou que tenha dinheiro para viajar, caso haja sinais vitais na consciência, você está devidamente em casa, ainda em quarentena, pois a pandemia do coronavírus, que dominou o mundo em 2020, ainda não acabou. E das mil opções de atividades para relaxar, você de repente escolhe assistir a um desses programas televisivos de entretenimento que nunca vê, pois você trabalha nas manhãs. E um dos temas do programa é racismo, “muito em voga em 2020”.  As convidadas para a conversa são negras, a apresentadora, claramente, não, como é de costume. As convidadas são precisas na denúncia do racismo, na valorização da negritude, na convocação da branquitude, afinal, se a questão negra “é lugar de fala delas”, o combate ao racismo é “luta de todos”. Seria interessante discutir isso que para alguns soa paradoxal: não sendo negro não posso falar sobre racismo, mas como então lutar contra ele? Seria impor